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Chapter 18 - Capítulo 18 — Você Ainda Está Vivo!

"Fugui? Sobrenome Liu? Filho da família Liu?"

Chen Shi achou aquele nome um tanto familiar. De repente, sua mente explodiu em um estrondo, e ele arregalou os olhos ao encarar o garoto magro à sua frente.

Ele lembrou — Sanwang havia dito que a última criança desaparecida era da família Liu, chamada Fugui!

E o garoto diante dele se chamava Liu Fugui!

Será que havia dois Liu Fugui na vila?

Provavelmente não.

O menino magro chamado Liu Fugui caminhou em direção à vila. Ao ver que Chen Shi não o acompanhava, acenou apressado, sorrindo:

"Chen Shi, venha cá! Vou te apresentar alguns bons amigos!"

Chen Shi hesitou por um instante, depois o seguiu para dentro da vila.

Ele pensou que teria feito um novo amigo em carne e osso — mas agora parecia que esse amigo talvez não fosse tão vivo assim.

"Feiticeiro Chen!" gritou Sanwang.

Chen Shi fingiu não ouvir e continuou seguindo Liu Fugui. Hei Guo também correu atrás, o coração cheio de inquietação.

O garoto magro andava rápido. Os outros aldeões pareciam não enxergá-lo, deixando-o correr até o centro da vila.

As casas de Huangyang, assim como nas outras aldeias, cercavam a "Madrinha" em círculos concêntricos, formando uma estrutura de anéis.

Ao olhar à frente, Chen Shi viu, no meio das ruínas de um antigo palácio, um templo erguido.

O templo fora construído depois, e embora também fosse antigo, ainda era mais novo que as ruínas ao redor.

Dentro dele havia uma estátua de bronze de um deus de aparência estranha — pele azul-índigo, presas à mostra e, mesmo sentado, tinha mais de seis pés de altura. Em pé, passaria de três metros.

Aquela era a Madrinha da vila Huangyang.

Chen Shi seguiu Liu Fugui para dentro do templo e viu que diante da estátua havia uma pilha de oferendas — galinhas, patos, gansos, peixes, caranguejos, frutas e pêssegos — tudo muito farto.

Atrás das oferendas, sentado, havia um homem gordo, de rosto redondo e orelhas grandes, segurando um frango cozido em uma mão e enfiando pedaços enormes na boca, o rosto brilhando de gordura. Na outra mão, agarrava um melão, com os olhos inquietos, temendo que alguém lhe roubasse a comida.

Aquela bola de banha devia ser a manifestação física do espírito da divindade.

Chen Shi olhou para o canto do templo e viu algumas crianças escondidas ali, conversando com Liu Fugui.

"Ele se chama Chen Shi, mas o apelido dele é Xiaoshi. Ele consegue me ver!"

Liu Fugui, animado, disse às outras crianças:

"Meus pais não me veem, ninguém na vila me vê, mas ele consegue! Aposto que ele também consegue ver vocês!"

As crianças olharam para Chen Shi, cheias de esperança.

"Xiaoshi-ge, minha mãe está me procurando há dias! Ela chorou tanto que ficou sem voz!"

Uma criança correu até ele e começou a chorar:

"Eu vi minha mãe chorando e quis chorar também. Abracei as pernas dela e disse: 'Mãe, estou aqui!', mas ela não me ouvia, nem me via! Você pode ajudá-la a me encontrar?"

Outra criança, de olhos vermelhos, disse:

"Meus pais também não conseguem me ver!"

E uma terceira acrescentou:

"Minha mãe chorou tanto que está quase ficando cega!"

O coração de Chen Shi afundou.

Aquelas quatro crianças deviam ser as que haviam desaparecido.

Elas estavam mortas.

Tornaram-se fantasmas.

Ele chegara tarde demais.

"Uma divindade protetora da vila não deveria proteger os aldeões?" perguntou Chen Shi, encarando o gordo glutão atrás das oferendas.

O gordo parou de comer e virou a cabeça, com um olhar feroz.

Hei Guo avançou, rosnando e mostrando os dentes.

O homem bufou:

"Eu só cuido de expulsar espíritos malignos. O resto não é problema meu! Garoto, em respeito a Chen Yindu, vou te perdoar desta vez. Mas se ousar me insultar de novo, te devoro inteiro — e Chen Yindu não vai dizer uma palavra!"

Ele então voltou a comer ruidosamente.

Chen Shi ficou pensativo.

"Então... essas crianças não foram mortas por um espírito maligno?"

A Madrinha tinha o dever de repelir o mal. Mas se as mortes não foram causadas por um espírito, ela não teria motivos para agir — a menos que alguém tivesse feito um sacrifício.

Chen Shi já achara estranho o boato de aparições malignas durante o dia.

Seu avô sempre dizia que espíritos só saíam à noite, por causa de uma força misteriosa no luar.

Espíritos à luz do dia eram quase impossíveis.

O gordo ignorou suas palavras.

Chen Shi perguntou:

"Fugui, como você morreu?"

Liu Fugui se assustou.

"Xiaoshi-ge, eu... eu morri?"

"Não se assuste. Tente lembrar. Como você foi levado?"

"Eu estava fazendo xixi, e de repente tudo girou. Depois disso, não lembro de nada. Só ouvi meus pais gritando meu nome..."

Ao ouvir isso, Chen Shi ficou alerta — se ele ouviu os pais chamando, devia ter acontecido por perto!

Liu Fugui continuou:

"Eu escalei o muro e vi meus pais me procurando. Disse que estava ali, mas eles não me ouviam. Xiaoshi-ge... eu morri mesmo?"

Chen Shi perguntou:

"Você escalou o muro? De qual casa?"

"Daquela casa abandonada, onde ninguém mora."

"A casa abandonada da família Tian?"

Liu Fugui assentiu:

"Sim, eles se chamavam Tian. Conheci essas outras crianças lá." Ele apontou para as demais.

Chen Shi olhou para elas e disse:

"Vocês quatro, venham comigo. Vamos até a casa abandonada da família Tian."

Ele saiu do templo com as crianças, mas do lado de fora a multidão de aldeões os aguardava em silêncio, observando.

Chen Shi virou-se — apenas Liu Fugui o seguia. As outras três crianças não conseguiam atravessar o limiar do templo.

"Venham comigo. Vamos ver o lugar," insistiu ele.

Uma criança respondeu:

"Não dá. Assim que chego na porta, o limiar fica cada vez mais alto e não consigo sair!"

As outras duas concordaram.

Chen Shi olhou para o gordo.

O homem, preguiçosamente, disse:

"Os outros podem comer a carne, eu fico com a sopa. Esses três pequenos fantasmas foram oferecidos a mim. Você não pode levá-los."

"Então por que Fugui pode sair?"

"Porque ele ainda não morreu. Só a alma dele se desprendeu do corpo. Quando morrer de verdade, ele também será meu."

Chen Shi o encarou por um momento, depois se virou para Liu Fugui:

"Vamos para a casa abandonada da família Tian."

Os aldeões abriram caminho, e eles seguiram adiante.

"Será que esse jovem talismaneiro dá conta?" alguém murmurou.

"Ele ficou sozinho lá dentro falando com o nada... deve ser maluco," outro respondeu.

Ignorando os comentários, Chen Shi deixou Liu Fugui guiá-lo até a velha casa.

Era feita de barro, sem tijolos — paredes de terra, vigas de madeira, telhado de palha.

A porta da frente estava trancada com correntes enferrujadas.

No pátio havia uma velha árvore de acácia, tão grande que cobria quase todo o quintal.

Mais adiante, não se via nada.

Chen Shi pousou sua caixa de livros, pegou uma pequena faca e cortou o dedo de Hei Guo.

"Desculpe, Hei Guo. Não tenho carne de fera agora, mas te compensarei depois."

Misturou o sangue com tinta vermelha e, sem usar papel, desenhou diretamente sobre a porta da casa.

Recitou o Mantra da Energia Pura dos Três Brilhos — as estrelas cintilaram no céu, formando a constelação das Sete Estrelas do Norte ao seu redor. Um brilho sagrado apareceu atrás de sua cabeça, criando um altar divino.

Com um único fôlego, moveu o pincel com vigor e desenhou o talismã de Yu Lei na porta.

O brilho sagrado se dissipou logo depois.

Sem energia espiritual duradoura, ele só podia manter o altar enquanto segurava a respiração.

Respirou fundo, mergulhou o pincel novamente e desenhou outro — o Deus Guardião Shen Tu.

Os dois talismãs — os deuses das portas — brilharam suavemente e depois se fundiram ao ar, invisíveis.

Chen Shi exalou:

"Sem reação... então não há espírito maligno nesta casa."

Se houvesse, os talismãs se ativariam automaticamente.

"Então, quem sequestrou as crianças?"

Segurando o pincel, ele apertou a corrente enferrujada — e ela se partiu. Empurrou a porta e entrou.

Hei Guo e Liu Fugui o seguiram, enquanto os aldeões ficaram à distância, temerosos.

O pátio estava coberto de mato. A grande acácia dominava o lugar.

Chen Shi aproximou-se e desenhou o Talismã de Supressão das Cinco Montanhas no tronco, depois marcou o poço seco com o Talismã do Selo do Poço.

Assim, o pátio estava protegido por três camadas de talismãs — contra o mal, para estabilizar a casa e selar a água.

"Fugui, onde você acordou?"

"Na sala principal!"

O garoto correu para dentro.

"Foi bem aqui!"

Chen Shi o seguiu — e ele havia desaparecido.

A sala estava vazia, exceto por um altar com oito tabuletas espirituais cobertas de poeira.

"Fugui! Fugui!" chamou, mas não houve resposta.

Foi até o quarto à esquerda e sentiu um frio penetrante.

Ali havia quatro caixões negros, alinhados sobre bancos de madeira.

As tampas ainda estavam pregadas — estavam ali havia muito tempo.

Sem coragem de abri-los, ele foi ao quarto da direita — outros quatro caixões idênticos.

Oito caixões no total. A família Tian, provavelmente.

Enterrados dentro de casa, nunca sepultados.

"Fugui entrou aqui há pouco... como sumiu tão de repente? A não ser que..."

O olhar de Chen Shi caiu sobre os caixões. Ele hesitou, prestes a abrir um deles —

Mas Hei Guo começou a latir furiosamente do lado de fora.

Chen Shi voltou à sala e viu o cão parado na entrada, olhando para o teto e latindo sem parar.

Levantou a cabeça — e ficou paralisado.

O teto, feito de tábuas novas e lisas, estava coberto de símbolos desenhados com sangue — complexos, vivos, escarlates.

Eram cinco talismãs gigantes.

De perto, pareciam cabeças demoníacas com bocas abertas e línguas longas como serpentes.

De suas bocas pendiam cinco correntes.

Quatro delas seguravam crianças — presas pelos pulsos e tornozelos, penduradas de cabeça para baixo.

Suas pálpebras estavam presas por anzóis, forçando os olhos abertos.

O nariz e os lábios também estavam rasgados por ganchos, esticando seus rostos num sorriso grotesco.

A língua de cada criança era atravessada por um gancho de ferro ligado a uma fina corrente — e, na ponta da corrente, um pequeno caldeirão.

O sangue escorria de suas línguas e pingava dentro dos caldeirões.

"Fugui!"

Chen Shi reconheceu o rosto do garoto magro que queria ser seu amigo.

"Liu Fugui! Acorde! Acorde, rápido!"

O garoto moveu lentamente os olhos, respondendo ao chamado.

Uma onda de alegria selvagem tomou o coração de Chen Shi.

"Está vivo!"

"Você ainda está vivo!"

"Não se mexa, Fugui! Eu vou te tirar daí agora!"

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