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Chapter 4 - Quando os fracos gritam!

No desespero, Kenji tirou do bolso a pedra de comunicação que ele mesmo havia feito e a ativou. Chamou por Ryota. O amigo atendeu, pensando que eram boas notícias.

— E aí Kenji!

— Tudo bem?

— Como foi o trabalho?

— Ryota você precisa me ajudar!

— O senhor Tomoji está em perigo.

— Calma calma! Mantém a calma!

— Não tô entendendo direito… o que tá acontecendo?

— Não temos tempo!

— Se demorarmos, o senhor Tomoji vai...

— Ok, entendi!

— Mas me espera, por favor!

— Tô indo pra aí.

— Só... não faça nenhuma besteira até eu chegar!

Ryota desligou, preocupado, e saiu correndo de casa. Kenji tentou esperar, mas a inquietação venceu. Seguiu o grupo que caminhava em direção ao armazém do senhor Tomoji.

Perto do armazém de minério, Kenji já esperava o pior. Os quatro arrombaram a porta da frente e foram direto ao escritório, fazendo um barulho que sacudiu o prédio. O escritório guardava documentos e o dinheiro do fim do mês. Nos fundos, no quarto simples, o senhor Tomoji ouviu o estrondo, levantou assustado e gritou:

— Quem está aí?

Do lado de fora, Kenji ouviu e pensou, aflito: “Essa não… senhor Tomoji. Ele devia estar dormindo. Acordou com o barulho.”

A sensação de impotência apertou a cabeça de Kenji. Ele levou as mãos à nuca, sem saber o que fazer. “Não… eu sou fraco demais. Alguém, por favor, ajuda ele. Se não… ele vai morrer.”

Dentro do armazém, Tomoji encarou os invasores.

— O que vocês querem aqui?

— O que estão fazendo?

Kaito sorriu torto:

— Então é você o velho que vive aqui.

— A gente tava curtindo por aí, mas o dinheiro acabou.

— Quem sabe o senhor não consegue mais pra gente?

— Hehehe.

Foram na direção de Tomoji. Com medo, ele tentou ceder:

— Eu… eu vou colaborar!

— Por favor, não me machuquem!

Eles não quiseram ouvir. Caíram em cima dele com socos. Tomoji foi ao chão. Chutes no rosto e na barriga vieram sem parar.

Do lado de fora, Kenji ouviu os gritos de dor. A angústia explodiu no peito. “Alguém… qualquer um… ajuda o senhor Tomoji. Não tem ninguém por perto. Ninguém pra ajudar.”

As palavras de mais cedo voltaram como martelo: “Não tem problema se achar fraco. É quando alguém importante tá em perigo que a gente descobre o quanto pode ser forte.”

Algo acendeu por dentro. O corpo de Kenji tremeu. O sangue ferveu. Quando percebeu, já estava dentro do armazém.

— Parem!

— Deixem o senhor Tomoji em paz!

O silêncio caiu. Kaito virou devagar e, ao ver Kenji, riu. Os outros riram junto.

Haruki avançou com dois capangas. Os transformados de categoria D seguraram os braços de Kenji, e Haruki acertou um soco no estômago. A dor dobrou o corpo. Vieram mais golpes — rosto, barriga — até Kenji cair de joelhos e depois desabar. Mesmo no chão, os chutes não pararam.

— O que um fraco como você acha que vai conseguir fazer? — zombou Haruki, esfregando o rosto de Kenji no piso.

Tomoji gritou, desesperado:

— Parem idiotas!

— Vocês vão matá-lo.

— Quem vocês queriam não era eu?

— Não era o meu dinheiro?

— Eu consigo mais dinheiro, muito mais.

— Mas deixem ele em paz!

Kaito riu.

— Vamos levar seu dinheiro sim.

— Mas antes a gente mata vocês dois.

— Hahahahah!

Quase sem sentidos, Kenji se afundou na culpa. “Se ao menos eu fosse forte… Se eu pudesse salvar quem é importante… Se eu tivesse nascido com força… Kenji, você é um fracassado.”

Cansado da cena, Kaito deu um passo à frente:

— Cansei da enrolação.

— Vou começar por você, velho.

— Já que o moleque não é ameaça nenhuma.

A mão de Kaito se envolveu em metal escuro, moldada como lâmina viva. Ele avançou e atravessou o abdômen de Tomoji. O impacto foi tão forte que rachou o chão.

— Pare!

— Não faça isso! — gritou Kenji, com os olhos arregalados.

Kaito saboreou o desespero:

— Ei moleque… gostou do show?

— Essa é a habilidade da minha aura.

— Sou transformado de categoria C.

— Posso moldar meus ossos em ferro e fazê-los crescer.

— Corto qualquer coisa.

— Posso endurecer o corpo inteiro.

— Defesa e ataque, tudo junto!

O sangue de Tomoji se espalhou no piso. O corpo de Kenji travou. A mente escureceu. Ele apagou.

Tumdum.

O coração bateu forte. No vazio do subconsciente, ele ouviu uma voz. A escuridão cobriu tudo. Na frente dele, só dois olhos brilhando e uma boca aberta num sorriso que não era humano.

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