jornada até a Seita Não Ortodoxa foi silenciosa, apenas quebrada pelo som pesado dos passos e o gotejar incessante do sangue do Mestre no chão poeirento.
Ao chegarem ao complexo da Seita, os portões de ferro enferrujado se abriram para revelar um pátio cheio de discípulos, cujas expressões variavam de curiosidade a cautela. O estado do Mestre — o ferimento profundo no rosto e a camisa ensanguentada — chocou a todos, mas o corpo inerte sobre seu ombro intrigou ainda mais.
O Mestre, cujo nome interno era Liang Hong (o Mestre da Lâmina Negra), ignorou os olhares e a dor. Com uma voz rouca e autoritária, ele ordenou: "Chamem o curandeiro! E o Ancião Médico, imediatamente!"
Alguns minutos depois, o Ancião Médico da Seita, um homem chamado Ancião Wei, chegou apressadamente. Ele esperava tratar o Mestre Li, o que seria uma tarefa urgente e perigosa.
"Mestre, o ferimento é profundo, preciso avaliar a extensão do dano..." Ancião Wei começou, estendendo a mão.
Liang Hong o interrompeu, sua voz fria como aço: "Deixe-me. Cuide deste jovem."
Com um desinteresse chocante, o Mestre da Lâmina Negra jogou o corpo de Fang Yan no chão de pedra. O impacto fez o sangue do ferimento na cabeça do garoto espirrar ligeiramente, mas ele permaneceu imóvel.
O Ancião Wei hesitou por um segundo, confuso. Curar o agressor? Ele se aproximou do corpo, abaixando-se para verificar a pulsação do jovem.
Foi então que aconteceu.
No momento em que o Ancião Wei estava a centímetros de tocá-lo, Fang Yan despertou. Seu despertar não foi gradual, mas uma explosão de instinto puro. Seu corpo, ainda dolorido e semi-inconsciente, reagiu à aproximação como a uma ameaça mortal. Com um movimento rápido e reflexivo, ele girou o corpo e esticou a mão, agarrando o pulso do Ancião Wei.
Um som seco e nauseante ecoou pelo pátio: o Ancião Wei gritou, o pulso esmagado e quebrado.
Fang Yan, ofegante, mas agora totalmente desperto, pulou para os pés, cambaleando ligeiramente. Seu olhar vazio de emoção varreu o ambiente, absorvendo cada detalhe: os discípulos chocados, a arquitetura austera e sombria, a aura perigosa que envolvia o Mestre Liang Hong.
Uma Seita, pensou ele, e não uma boa.
Rapidamente, antes que qualquer um pudesse reagir, ele agarrou o Ancião Wei, puxando-o para trás de si. O Ancião, chorando de dor, tornou-se seu escudo humano.
"Por que estou aqui?" perguntou Fang Yan, sua voz era baixa, calma, mas carregada de uma frieza que contrastava com sua idade. Ele pressionava o Ancião contra si.
O Mestre Liang Hong, que observava tudo com um interesse crescente, respondeu: "Jovem. Você realmente pensa que um refém sem valor me fará responder a você?"
Um dos discípulos, Shan Tao, que havia acompanhado o Mestre desde a cabana, apertou os punhos, achando a atitude do garoto irritante e arrogante. Ele estava prestes a intervir, ignorando a ordem anterior do Mestre, mas a próxima ação de Fang Yan o paralisou.
O jovem sorriu. Aquele mesmo sorriso vazio e cruel que havia estampado em seu rosto antes de desmaiar.
"Tudo bem, então," disse Fang Yan, soltando o Ancião Wei. "Nós iremos conversar sem refém."
No entanto, em vez de se afastar, Fang Yan colocou as mãos de cada lado da cabeça do Ancião Médico, cujos olhos estavam arregalados de terror e dor.
Antes que qualquer pessoa pudesse reagir ou gritar, Fang Yan aplicou uma força repentina e violenta, girando o pescoço do Ancião Wei em um ângulo impossível.
Um som seco e estalado de ossos quebrando preencheu o silêncio.
O Ancião Médico desabou no chão, a cabeça pendurada de forma não natural, instantaneamente morto.
Fang Yan retirou as mãos, olhando para o corpo recém-morto com a mesma indiferença com que olhara para o cadáver de seu avô. Ele estava agora completamente sozinho, cercado por dezenas de artistas marciais enfurecidos, e acabara de matar um dos Anciãos da Seita.
O Mestre Liang Hong, embora irritado pela perda desnecessária de um curandeiro, sentiu um arrepio de satisfação. Aquele garoto era tudo o que ele havia previsto: um demônio sem restrições