O campo já havia sido evacuado. Não por ordem. Mas por instinto.
A primeira colisão entre os Hakis de Kaien e Mihawk havia deixado Marineford em estado de suspensão. O ar parecia mais denso. O solo, mais frágil. O tempo, mais lento.
E no centro disso, dois homens se moviam com precisão absoluta.
Mihawk foi o primeiro a atacar. Yoru cortou o ar em um arco descendente, envolta em Haki de Armamento endurecido e pulsando com Haki do Conquistador. O corte não visava apenas o corpo — visava a alma.
Kaien girou o Solar Axe com ambas as mãos, canalizando o Haki em espiral ao redor da lâmina. Mas havia algo novo. O Pulso Pulsante vibrava com intensidade crescente. As 30 Ondas que ele havia dominado começaram a se expandir. Uma trigésima primeira onda surgiu. Depois uma trigésima segunda. Ambas instáveis, mas reais.
O impacto entre as armas foi aterrorizante.
O ar explodiu em todas as direções. O solo afundou sob os pés dos dois. A muralha mais próxima se desintegrou. O céu se rasgou em espiral.
Todos os presentes — aliados, inimigos, até os outros Shichibukai — recuaram instintivamente.
Era como se o mundo estivesse sendo redesenhado.
Mihawk recuou dois passos, girando Yoru com leveza. Kaien avançou com o machado em posição baixa, o corpo inclinado, como se carregasse o próprio campo de batalha nas costas.
Eles trocaram mais sete golpes. Nenhum acertou diretamente. Mas cada um alterava o ambiente.
Pilares desabavam. Fragmentos de pedra flutuavam por instantes antes de cair. O tempo parecia desacelerar.
Era como se o mundo estivesse tentando acompanhar.
Mihawk lutava com elegância letal. Cada corte era uma linha reta, cada passo, uma nota musical. Ele não desperdiçava energia. Ele não precisava.
Kaien, por outro lado, era densidade em movimento. Seus golpes não eram rápidos — eram inevitáveis. Ele não buscava brechas. Ele criava peso até que o adversário cedesse.
Era corte contra gravidade. Fio contra massa. Ritmo contra impacto.
Ambos usavam o Haki de Observação em níveis avançados. Mihawk previa os movimentos de Kaien com segundos de antecedência. Kaien sentia as intenções de Mihawk antes que se formassem.
Mas era o Haki do Conquistador que mantinha o campo em colapso.
Ondas de energia invisível se chocavam a cada troca. Soldados distantes desmaiavam. Navios se partiam ao meio. Até os outros Shichibukai observavam com cautela.
Mihawk saltou para o alto, girando Yoru com ambas as mãos. Desceu com um corte vertical, canalizando Haki do Conquistador na lâmina.
Kaien não recuou. Firmou os pés. Ergueu o Solar Axe com o Haki de Armamento expandido em forma de escudo.
O impacto foi absoluto.
O chão afundou. Uma cratera se formou. O ar foi expulso em todas as direções.
Por um instante, tudo ficou branco.
Quando a poeira baixou, ambos ainda estavam de pé. Kaien com o machado apoiado no chão. Mihawk com Yoru cravada no solo.
Ambos respiravam com calma. Mas os olhos… Os olhos estavam em guerra.
Eles avançaram ao mesmo tempo. Kaien girou o machado em um arco lateral. Mihawk respondeu com um corte ascendente.
As armas se chocaram no ar. Mas desta vez, não houve recuo.
Ambos canalizaram seus Hakis do Conquistador em um único ponto. O espaço entre eles se partiu. O chão se abriu. O céu se rasgou.
Era como se o mundo estivesse sendo dividido em dois.
Kaien sentiu o Pulso Pulsante vibrar além do controle. A trigésima terceira onda surgiu. Depois a trigésima quarta.
Cada nova onda criava uma distorção no ar. Como se o próprio espaço estivesse sendo moldado.
Mihawk percebeu. E pela primeira vez… Ajustou o ritmo.
Marineford não respirava. Observava.
Kaien e Mihawk estavam no ápice do confronto. Não havia vencedor. Não havia vencido.
Apenas dois homens. Dois ritmos. Dois Hakis do Conquistador em colisão.
E o corte final ainda estava por vir.