O campo de Marineford já não era um campo. Era uma fratura.
O chão, antes firme, agora tremia com cada passo de Kaien. O céu, rasgado por relâmpagos, parecia se afastar. E o mar, que cercava a baía, recuava como se temesse o que estava por vir.
No centro da devastação, dois homens se aproximavam. Não por estratégia. Não por acaso. Mas por gravidade.
Kaien, capitão da Xeeksot, caminhava com o Solar Axe repousando nas costas. Seu corpo pulsava com energia rítmica — o Pulso Pulsante, técnica que canalizava seu Haki em ondas vibratórias. Atrás dele, o campo se curvava. Ao redor, o mundo hesitava.
Dracule Mihawk, o maior espadachim do mundo, avançava com Yoru em punho. Seus olhos, afiados como lâminas, não procuravam inimigos. Eles já haviam encontrado o único que importava.
Eles pararam a poucos metros um do outro. O campo de batalha ao redor se calou. Soldados da Marinha congelaram. Aliados de Barba Branca recuaram. Até os sons dos canhões pareceram se perder.
Kaien e Mihawk se encararam. Não havia palavras. Nem provocações. A guerra entre eles não começaria com gritos. Começaria com peso.
Sem aviso, ambos ativaram o Haki do Conquistador.
O ar se partiu. O céu se abriu. A terra tremeu.
Ondas negras e douradas colidiram com violência invisível. Soldados desmaiaram instantaneamente. Navios próximos se partiram. As raízes do manguezal se curvaram como se tentassem fugir.
Mas não era só Haki do Conquistador. Ambos canalizavam também o Haki de Armamento em suas armas.
Yoru reluzia com uma aura cortante, negra como obsidiana viva. O Solar Axe vibrava com energia pulsante, cada batida ecoando como um tambor de guerra.
Kaien ativou as 30 Ondas — técnicas de impacto que se propagavam em círculos concêntricos ao redor de seu corpo. Mas algo era diferente. Durante o confronto, uma trigésima primeira onda começou a se formar. Instável. Brilhante. Nova.
Mihawk avançou com um corte horizontal. Yoru cortava o ar como se desenhasse uma linha entre eras.
Kaien girou o corpo, desviando com um passo firme. O Solar Axe saiu das costas com um som grave, como se o metal estivesse acordando.
O machado interceptou o segundo golpe com um giro ascendente. Ambos embutiram Haki do Conquistador e Armamento no impacto.
O resultado foi aterrorizante.
O ar explodiu. O solo se partiu em um raio de cinquenta metros. A muralha mais próxima desabou. O céu se rasgou em espiral.
Todos os presentes — aliados, inimigos, até os outros Shichibukai — recuaram instintivamente.
Era como se o mundo tivesse sido dividido em dois.
Mihawk recuou dois passos, girando Yoru com leveza. Kaien avançou com o machado em posição baixa, o corpo inclinado, como se carregasse o próprio campo de batalha nas costas.
Eles trocaram mais cinco golpes. Nenhum acertou diretamente. Mas cada um alterava o ambiente.
Pilares desabavam. Fragmentos de pedra flutuavam por instantes antes de cair. O tempo parecia desacelerar.
Era como se o mundo estivesse tentando acompanhar.
Mihawk lutava com elegância letal. Cada corte era uma linha reta, cada passo, uma nota musical. Ele não desperdiçava energia. Ele não precisava.
Kaien, por outro lado, era densidade em movimento. Seus golpes não eram rápidos — eram inevitáveis. Ele não buscava brechas. Ele criava peso até que o adversário cedesse.
Era corte contra gravidade. Fio contra massa. Ritmo contra impacto.
Kaien pensava em silêncio.
"Ele não corta por vaidade. Ele corta porque é o que resta."
Mihawk também pensava.
"Ele não pesa por orgulho. Ele pesa porque o mundo precisa de limite."
Eles avançaram ao mesmo tempo. Kaien girou o machado em um arco lateral. Mihawk respondeu com um corte ascendente.
As armas se chocaram no ar. Mas desta vez, não houve recuo.
Ambos canalizaram seus Hakis do Conquistador em um único ponto. O espaço entre eles se partiu. O chão se abriu. O céu se rasgou.
Era como se o mundo estivesse sendo dividido em dois.
Marineford não respirava. Observava.
Kaien e Mihawk estavam frente a frente. Dois mundos. Dois ritmos. Dois Hakis do Conquistador em colisão.
E o corte final ainda estava por vir.