Cherreads

Chapter 2 - Prólogo – O Renascido e o Machado Solar

A morte não é silêncio. É peso. É como se o mundo inteiro se curvasse sobre você, esmagando cada lembrança, cada respiração, cada pedaço de quem você foi. Kaien sabia disso porque já havia morrido. Não uma, mas duas vezes.

Na primeira, fora apenas mais um guerreiro em um mundo comum, caindo no campo de batalha sem glória. Na segunda, renascera em um universo de monstros e caçadores, onde aprendeu a manipular energia e morreu como herói. E então, pela terceira vez, abriu os olhos.

O céu que o recebeu era azul profundo, cortado por gaivotas. O cheiro salgado do mar enchia seus pulmões. Estava deitado em um cais sujo, cercado por barris quebrados e cordas apodrecidas. O lugar chamava-se Torinaka, uma ilha onde o caos era rotina. Ali, Kaien cresceu sem família, sem nome além daquele que escolhera para si. Kaien. Significava “chama do mar” em uma língua antiga que ouvira de um viajante.

Sobreviveu roubando, brigando, aprendendo que viver era apenas outra forma de guerrear. Até que, numa noite de lua cheia, vagando pelos becos em busca de comida, ouviu o som metálico de algo caindo. Seguiu até uma oficina abandonada. No centro, sobre uma bigorna enferrujada, havia um machado. A lâmina era vermelha como sangue fresco, o cabo pulsava como se tivesse vida, e inscrições antigas brilhavam sob a luz da lua.

Quando tocou o cabo, o mundo tremeu. O ar ficou pesado. O chão rangeu. E dentro de sua mente, uma voz ecoou: “Solar Axe. Forjado para quem não teme o peso do mundo.” Kaien sorriu. “Então é meu.”

Dias depois, piratas invadiram o mercado. Kaien, ainda criança, ergueu o Solar Axe. Os homens riram, chamando-o de moleque com brinquedo de adulto. O riso cessou quando ele avançou. O machado desceu com um peso impossível. O ar se curvou, o chão rachou, e o pirata da frente foi esmagado como se tivesse sido atingido por uma montanha. Naquele dia, Torinaka conheceu o garoto que carregava o peso do mundo.

Com o tempo, Kaien percebeu que não era apenas o machado. Era ele. Seu Haki não endurecia como o dos outros. Ele pesava. Quando ativava, o ar ficava denso, os inimigos tremiam, e em momentos de fúria sua aura assumia a forma de um dragão flamejante.

Foi em uma luta de rua que conheceu Kid, um garoto ruivo tentando roubar uma espada. Lutaram por horas. Kid usava correntes de ferro, puxando-as com uma força magnética. Kaien respondia com o Solar Axe, cada golpe fazendo o chão tremer. No fim, Kaien venceu, mas não matou. “Você luta como um animal. Gosto disso. Vem comigo.” Kid cuspiu sangue e riu. “Você é maluco. Mas tá bom. Vamos ver onde isso dá.”

Meses depois, Kaien invadiu um navio pirata que traficava crianças. Lá, encontrou Killer, acorrentado, silencioso, mas com olhos que gritavam ódio. Kaien destruiu o navio sozinho, libertou-o e disse: “Você tem olhos de quem quer cortar o mundo. Eu gosto disso. Vem comigo.” Killer não respondeu. Apenas seguiu.

Anos depois, Kaien encontrou um mapa antigo em um templo em ruínas. O mapa falava de uma criatura chamada Xeeksot, um dragão invisível aos olhos, mas visível ao instinto. Kaien sorriu. “Xeeksot… Nosso navio vai voar como esse dragão. Invisível, imprevisível, indomável.” E assim nasceu o nome. E assim começou a lenda.

Naquela noite, Kaien ficou sozinho no convés de um barco roubado. O Solar Axe cravado no chão. O dragão de energia envolvia seu corpo. Ele fechou os olhos. “Peso… não é só força. É presença. É gravidade. É o mundo se curvando à minha vontade.” E sorriu. “Se eu posso ver o futuro… posso esmagá-lo antes que aconteça.”

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