O Xeeksot ancorou em uma ilha chamada Asterion, um ponto de comércio e descanso para navegadores que cruzavam o South Blue. Era um lugar de ventos fortes e correntes traiçoeiras, conhecido por ser o lar de uma jovem navegadora que, segundo rumores, possuía um dom raro: ela lia o mar como se fosse um livro aberto.
Kaien caminhava pelo cais com o Solar Axe apoiado no ombro. Kid e Killer o seguiam, enquanto Lyra mantinha o rifle nas costas, os olhos atentos a cada detalhe.
"Então é aqui que vamos encontrar nossa navegadora?" — perguntou Kid, já entediado.
Kaien sorriu. "Não é qualquer navegadora. Ela carrega o sangue de monstros."
Killer ergueu os olhos. "O que você quer dizer?"
Kaien parou diante de uma taverna e respondeu: "O avô dela foi parte dos Piratas Rocks."
O silêncio caiu sobre o grupo. Até Kid, que raramente levava algo a sério, ficou em choque.
"Você tá brincando, né?" — disse ele. "Os Rocks foram a tripulação mais infame da história. Se ela tem esse sangue… então não é só uma navegadora."
Kaien sorriu. "Exato. Ela é uma chama esperando para incendiar o mundo."
Dentro da taverna, encontraram-na. Uma jovem de cabelos dourados, olhos intensos e postura firme. Estava cercada por mapas, bússolas e garrafas de rum. Mas o que mais chamava atenção era a aura que emanava dela.
"Vocês são barulhentos demais", disse ela, sem levantar os olhos do mapa. "O mar não gosta de barulho."
Kaien se aproximou. "E você gosta de barulho?"
Ela ergueu os olhos e sorriu de canto. "Depende. Quem pergunta?"
"Kaien", respondeu ele. "E esses são Kid, Killer e Lyra. Estamos procurando alguém que saiba guiar o Xeeksot."
Ela riu. "Vocês não são os primeiros. Duas tripulações da Grand Line já vieram atrás de mim. E não vão ser os últimos."
Lyra estreitou os olhos. "E por que você ainda está aqui?"
A jovem suspirou. "Porque não quero ser escrava de ninguém. Quero liberdade. Mas o mar não dá liberdade de graça. Ele cobra caro."
Kaien apoiou o machado no chão. "Então venha conosco. Nós não seguimos o mar. Nós o esmagamos até ele seguir a gente."
Antes que ela pudesse responder, a porta da taverna foi arrombada. Dois grupos de piratas entraram, armados até os dentes. Suas bandeiras eram conhecidas: Os Tubarões de Aço e Os Corvos Carmesins, ambos vindos da Grand Line.
"Ela vem conosco!" — gritou o capitão dos Tubarões, um homem enorme com dentes de metal.
"Não, conosco!" — retrucou o líder dos Corvos, um espadachim de capa vermelha.
A jovem navegadora se levantou, os olhos faiscando. "Eu não vou com nenhum de vocês."
Kaien sorriu e se afastou, cruzando os braços. "Essa luta não é minha. É de vocês."
Kid arregalou os olhos. "De novo?!"
Kaien apenas riu. "Mostrem o peso de vocês."
O caos explodiu na taverna.
Kid avançou primeiro, puxando todas as armas de ferro dos Tubarões de Aço. Espadas, lanças e até os dentes metálicos do capitão voaram pelo ar, colidindo uns contra os outros antes de se cravarem nas paredes.
"Eu disse que o ferro canta pra mim!" — gritou Kid, rindo.
Killer deslizou entre os inimigos como uma sombra. Suas lâminas cortavam rápido, precisas, derrubando um após o outro antes que pudessem reagir. O líder dos Corvos tentou enfrentá-lo, mas Killer desviou de cada golpe com frieza, até que um corte certeiro atravessou sua capa vermelha.
Lyra, posicionada no balcão, disparava com calma. Cada tiro era um aviso, atingindo mãos que seguravam armas, joelhos que tentavam avançar, olhos que ousavam mirar em seus companheiros. Ela não matava de imediato, mas desmontava a ofensiva inimiga com precisão cirúrgica.
A jovem navegadora observava tudo em silêncio, até que um dos piratas tentou atacá-la pelas costas. Foi então que sua pele brilhou em dourado, e asas imensas surgiram em suas costas. Ela se transformou em uma criatura mítica: a Ave Gauna Dourada.
Um grito ensurdecedor ecoou, e uma rajada de vento dourado lançou o inimigo contra a parede.
Kid parou por um instante, impressionado. "Ok… isso é novo."
Kaien sorriu, satisfeito. "Exato. Ela é nossa."
A luta ainda não havia terminado. Os dois grupos de piratas recuaram, mas não estavam derrotados. Do lado de fora, mais homens se reuniam, preparando-se para atacar o Xeeksot.
Kaien olhou para sua tripulação. "Vocês já mostraram força. Agora mostrem que podem proteger o que é nosso."
A jovem navegadora, ainda em sua forma dourada, olhou para Kaien. "E se eu não quiser ir com vocês?"
Kaien sorriu. "Então lute contra nós. Mas se quiser liberdade de verdade… ela está no Xeeksot."
Ela hesitou por um instante, depois abriu as asas douradas e se posicionou ao lado deles. "Meu nome é Seraphine. E se for para conquistar o mar… então eu vou com vocês."