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Chapter 7 - Volume 7

Parte 1 – O Plano de Ryan

O apartamento de Gabriel Moreau era um contraste gritante com o caos que dominava as ruas de Hipton. As amplas janelas de vidro do chão ao teto ofereciam uma vista panorâmica da cidade, enquanto o interior refletia o gosto refinado de seu proprietário: móveis de design minimalista, obras de arte contemporânea estrategicamente posicionadas e uma iluminação suave que, em dias normais, criaria um ambiente acolhedor — mas não hoje.

Sentado na beira do sofá, Ryan pressionava a lateral das costelas com um pano impregnado de sangue seco. A ferida do confronto no parque ainda latejava, mas sua expressão permanecia firme. Estava concentrado, elaborando um plano para resgatar Amelia das mãos de Leprechaun.

Gabriel se aproximou, estendendo uma xícara de café preto e forte.

— Você deveria estar deitado.

Ryan não respondeu de imediato. Levantou-se com esforço, o pano caindo no chão como uma pele descartada. Cambaleou por um segundo antes de firmar os pés.

— Eu sei o que estou fazendo — disse, a voz baixa, quase um sussurro. — Mas não posso deixar Amelia morrer. Não posso deixar Leprechaun vencer.

— E qual é o plano? Entrar lá sozinho, do jeito que está, contra um psicopata e seus homens armados até os dentes?

— Exatamente isso — afirmou Ryan, sem hesitar.

Gabriel balançou a cabeça, sentando-se na poltrona oposta.

— Ryan, isso é suicídio. Você mal consegue ficar de pé.

Ryan caminhou lentamente até a janela, observando a cidade que jurou proteger. As luzes de Hipton cintilavam na noite — belas e vulneráveis. Em algum lugar lá fora, Amelia Harper esperava por um resgate que talvez nunca viesse.

— Preciso ir à Astra Corporation — disse Ryan, sem se virar. — Preciso da armadura.

— Ryan, prometa que vai se lembrar do motivo de tudo isso. Não é por vingança — é para salvar a vida da prefeita.

Por um momento, algo vacilou nos olhos de Ryan — uma sombra de dúvida, talvez até de medo. Mas logo desapareceu, substituída pela determinação férrea que o definia.

— Eu prometo — respondeu, embora ambos soubessem que promessas feitas na véspera raramente sobreviviam ao calor do combate.

Ryan caminhou até a mesa e pegou o celular que estava ali.

— Preciso ir agora. O tempo está passando.

Gabriel assentiu, resignado.

— Vá com o meu carro. Eu dou um jeito de despistar a Dra. Fletcher.

Ryan guardou a chave no bolso da jaqueta e se dirigiu à porta de saída.

— Obrigado por tudo, Moreau.

Parte 2 – O Pedido de Ajuda

As ruas de Hipton nunca pareceram tão hostis. Ryan dirigia com cautela, desviando de carros abandonados e pessoas aglomeradas nas calçadas. Ocasionalmente, uma viatura policial passava em alta velocidade, sirenes ligadas, a caminho de mais uma emergência numa cidade à beira do caos.

O departamento de polícia estava sobrecarregado, a confiança da população nas autoridades diminuía a cada dia, e figuras como Leprechaun ganhavam não apenas notoriedade, mas uma aura quase mítica de invencibilidade.

Ryan apertou o volante com força, sentindo a dor no abdômen se intensificar. Pelo retrovisor, viu seu próprio reflexo — olhos fundos, rosto pálido. Não era a imagem de um herói, mas a de um homem exausto, empurrando o corpo além dos limites.

O celular tocou, e ele atendeu pelo sistema de viva-voz do carro.

— Dawson — respondeu secamente.

— Ryan, é o Briggs — a voz grave do capitão soou pelo alto-falante. — Onde diabos você está? Preciso de você no resgate da prefeita.

— Estou indo resolver isso, capitão.

Houve um silêncio breve, seguido por um suspiro pesado.

— Resolver o quê, exatamente?

— Eu vou salvar a prefeita e preciso de sua ajuda — disse Ryan.

— Como vou ajudá-lo?

— Lembra do que Leprechaun falou sobre o Projeto Fúria Vermelha?

— Lembro — respondeu Briggs.

— Eu sou o Fúria Vermelha.

O silêncio que se seguiu foi tão denso que Ryan podia quase senti-lo. Quando Briggs finalmente falou, sua voz estava carregada de descrença.

— Essa não é hora para brincadeiras, Dawson.

— Não estou brincando — afirmou Ryan. — Eu sou o homem dentro da armadura.

Outro longo silêncio.

— O que você quer que eu faça?

— Estou indo vestir a armadura agora. Preciso da sua ajuda para chegar até o armazém sem ser notado.

— Depois de vestir a armadura, me encontre na Estação Paxton — disse Briggs.

— Capitão, preciso desligar. Estou chegando ao meu destino.

Parte 3 – 78% de Capacidade

Ryan estacionou em um beco lateral, longe de olhares curiosos, a poucas quadras da Astra Corporation. Ao sair do carro, sentiu o ar frio da noite tocar seu rosto. Parou por um instante, observando a cidade à distância — a mesma que jurara proteger, primeiro como policial, depois como o Fúria Vermelha.

Ele pegou o cartão de acesso fornecido por Moreau e o apresentou ao segurança na entrada principal da empresa. O homem assentiu, permitindo que Ryan seguisse até o laboratório onde a armadura era mantida.

Ao se aproximar da entrada lateral reservada aos funcionários, Ryan passou o cartão no leitor, e a porta se abriu com um leve sibilo. O corredor estava deserto, iluminado apenas pelas luzes de emergência. Ele avançou rapidamente até o fim, onde encontrou um elevador.

O elevador o conduziu aos níveis subterrâneos e, quando as portas se abriram, Ryan foi recebido por um grupo de cientistas. Um deles — o mesmo do resgate no parque — se aproximou, segurando um tablet.

— Fizemos alguns reparos e ajustes desde a última vez — explicou, com os dedos dançando sobre a tela. — Melhoramos o sistema de suporte vital e reforçamos os pontos de conexão neural. Mas, Ryan, preciso que entenda: a armadura ainda não está operando a cem por cento.

Ryan se aproximou da armadura, passando os dedos suavemente pela superfície metálica.

— Quanto?

O cientista suspirou.

— Oitenta por cento, no máximo. E isso assumindo que seu corpo aguente o estresse da conexão.

Ryan se despiu até restar apenas a roupa interna — fina, aderente, projetada para facilitar a interface com a armadura. O cientista ativou uma sequência no tablet, e o suporte que sustentava o exoesqueleto se moveu, abrindo a armadura como uma concha metálica.

— Lembre-se do protocolo — instruiu o cientista, enquanto Ryan se posicionava. — Controle a respiração durante a inicialização. Não resista à conexão neural. Deixe que os sistemas se sincronizem naturalmente com seu sistema nervoso.

A armadura começou a se fechar ao redor de Ryan, peça por peça, cada componente se encaixando perfeitamente ao próximo. O metal frio tocou sua pele, e ele sentiu os primeiros sinais da conexão neural — um formigamento que começava na base da coluna e se espalhava por todo o corpo.

Então veio a dor. Sempre vinha.

— Controle sua respiração, Ryan.

Ele obedeceu, forçando-se a respirar lenta e profundamente, apesar da agonia. Gradualmente, a dor começou a diminuir, substituída por uma sensação diferente — a consciência expandida que vinha com a conexão completa.

O capacete foi a última peça a se fechar, envolvendo sua cabeça e ativando o sistema de visão avançada. O mundo ao seu redor ganhou novas dimensões — sobreposições de dados, leituras térmicas, análises estruturais.

— Conexão neural estabelecida — informou o cientista, sua voz agora ligeiramente distante, transmitida pelo sistema de áudio da armadura. — Sistemas operacionais em… 78%. Não é o ideal, mas terá que servir.

Ryan deu um passo à frente, testando os movimentos. A armadura respondia perfeitamente, amplificando sua força natural e compensando sua lesão.

— Ryan — disse o cientista após um momento de hesitação. — Sei que não posso te impedir, mas preciso que entenda os riscos. Se forçar a armadura além de seus limites atuais, ou se seu corpo não aguentar o estresse…

— Acredite, eu sei. Mas algumas coisas valem o risco. Preciso que me levem urgentemente até a Estação Paxton.

Enquanto caminhava, sentindo o poder da armadura fluir através dele, Ryan pensava em tudo o que estava em jogo. Não era apenas a vida de Amelia Harper — embora isso, por si só, já fosse razão suficiente. Era também o futuro de Hipton, uma cidade à beira do abismo. Era a mensagem que seria enviada se Leprechaun vencesse — que o caos poderia triunfar, que ninguém estava seguro, nem mesmo aqueles no poder.

Parte 4 – Encontro na Estação

Quando o veículo parou, não houve gestos de despedida. Apenas o estalido do freio de mão, o clique seco da maçaneta sendo acionada e, em seguida, o som metálico da porta se abrindo. Ryan desceu e entrou em uma Estação Paxton completamente vazia.

A porta automática se abriu com um sussurro mecânico, revelando um saguão escuro e silencioso. Painéis quebrados, fios expostos e o zumbido constante das luzes fluorescentes davam a impressão de que a estação resistia ao esquecimento — funcionando apenas por teimosia.

Enquanto avançava pelo corredor principal, já dentro da armadura, Ryan ouviu um ruído à sua direita — algo ou alguém se movia nas profundezas da estação. Virou-se rapidamente, os músculos tensos, pronto para reagir.

Era o capitão Briggs.

— Isso é loucura, você sabe disso, não é? — disse, por fim. — Estou arriscando minha carreira só por estar aqui.

— Estou arriscando bem mais do que isso, acredite — respondeu Ryan. — Mas não vejo outra saída. Se a polícia tentar uma aproximação direta, Amelia morre. Se ninguém fizer nada, ela também morre. Eu sou a única chance dela, capitão.

— O que exatamente é essa armadura, Dawson? De onde ela veio?

— É um projeto experimental da Astra Corporation — explicou, começando a caminhar na direção do capitão. — Eu… me voluntariei como cobaia.

— Por quê? — A pergunta de Briggs era simples, mas carregada de peso.

— Porque achei que poderia fazer a diferença — respondeu com honestidade. — Porque estava cansado de ver criminosos escaparem pelas brechas do sistema. Porque… — ele hesitou — alguém precisava fazer algo.

— E o que você quer que eu faça, exatamente?

— Mantenha suas equipes a pelo menos cinco quarteirões do armazém 24B — instruiu Ryan. — Sem aproximações diretas, sem comunicações de rádio mencionando o local. Mas estejam prontos para agir quando eu der o sinal.

— E qual será o sinal?

Ryan pensou por um instante.

— Você saberá — disse, enfim. — Acredite, você saberá.

— Isso não é muito reconfortante, Dawson.

— Nunca fui bom em consolar as pessoas, capitão — respondeu Ryan, com um leve tom de ironia. — Apenas confie em mim desta vez.

Briggs apontou em direção aos trilhos.

— Se caminhar até o fim da linha, encontrará uma passagem que o deixará próximo ao armazém.

— Obrigado pela ajuda — disse Ryan. — Agora preciso tirar a prefeita daquele lugar.

Briggs inspirou fundo, como quem carrega um peso que não lhe pertence, mas que aceitou mesmo assim.

— Boa sorte, Dawson. Vai precisar.

Ryan fez um leve aceno com a cabeça. Em seguida, virou-se e começou a caminhar, os passos ecoando no chão de concreto como tambores surdos de uma marcha solitária.

Briggs permaneceu parado, observando até que Ryan desaparecesse na curva dos trilhos.

— Que Deus nos perdoe por isso… — murmurou para si mesmo, antes de virar as costas e desaparecer na penumbra da estação.

Parte 5 – Armazém 24B

A temperatura caiu sutilmente conforme Ryan adentrava o túnel. O ar era espesso, com cheiro de ferrugem e umidade antiga. Filetes de água escorriam pelas paredes, formando poças que refletiam fragmentos distorcidos de sua silhueta.

O visor da armadura piscou uma notificação: 120 metros até a bifurcação.

A entrada para o antigo túnel de manutenção ficava logo à frente — uma passagem esquecida que o levaria diretamente aos fundos do armazém 24B, longe dos olhos de Leprechaun e seus homens.

Após mais alguns metros, avistou à esquerda uma porta metálica enferrujada, parcialmente encoberta por placas de concreto e cabos rompidos. O visor confirmou com precisão: Ponto de entrada — Túnel de manutenção — Acesso restrito.

Ryan forçou a porta. Ela cedeu com um rangido grave, revelando uma passagem estreita, revestida por placas antigas de aço, a maioria coberta de mofo e ferrugem. O caminho era íngreme e abafado. Tubulações cortavam o teto e o chão, obrigando-o a manobrar com cuidado para evitar qualquer ruído.

Depois de cerca de cinquenta metros, o túnel se abriu para uma pequena escadaria de ferro, que levava até uma escotilha circular no alto, marcada por letras desbotadas: 24B.

Ryan empurrou a tampa e emergiu.

Estava nos fundos do armazém 24B.

Permaneceu agachado por alguns segundos, atento. Nada. Nem vozes, nem passos. Aproveitou o silêncio para enviar uma mensagem de voz ao capitão Briggs:

— Estou nos fundos do armazém. Avancem em dez minutos.

Moveu-se entre as sombras com precisão quase inumana, a armadura amortecendo os passos, enquanto os sensores avançados tentavam identificar qualquer presença nas proximidades.

Ao se aproximar da entrada lateral do armazém, avistou o primeiro sinal: uma pulseira vermelha caída no chão.

Abaixou-se, pegou a pulseira com cuidado. O sensor da armadura iniciou a leitura do objeto de forma instantânea. Em poucos segundos, informou: a pulseira pertencia a Amelia Harper.

Voltou a atenção para a porta que guardava a entrada lateral. Era pesada, projetada para resistir a tentativas de arrombamento. Ryan posicionou as mãos nas bordas e aplicou uma pressão crescente. Lentamente, o metal começou a ceder, as dobradiças protestando até romperem com um estalo abafado.

Com cautela, deitou a porta danificada no chão para evitar ruídos e adentrou a parte interna do armazém. Por um instante, tudo permaneceu em silêncio.

Então, um alarme ensurdecedor interrompeu a calma, ecoando por todo o espaço.

As luzes do armazém se apagaram repentinamente.

Tudo mergulhou em escuridão.

— Leprechaun já imaginava que eu invadiria o armazém — murmurou Ryan.

Capangas armados surgiram de todos os lados, rifles em punho, lanternas acopladas aos canos cortando a escuridão. Eram pelo menos vinte homens — mais do que Ryan esperava.

A armadura ativou o modo tático. A visão noturna sobrepôs a escuridão com silhuetas em verde-fósforo, cada uma marcada com identificação automática: posição, distância, armamento.

Ryan se movia como uma máquina de combate — silencioso e implacável. A armadura sustentava; a força vinha dele.

Os gritos começaram. Ryan correu em zigue-zague, desviando e saltando por cima de caixas, aproximando-se antes que pudessem reagir.

No fim, restou apenas um.

Ryan caminhou lentamente até ele. Parou a poucos passos.

— Onde está o seu chefe?

Então, do alto do mezanino, uma voz rompeu o silêncio, carregada de ironia:

— Vinte e dois homens… em dois minutos. Temos um novo recorde, Dawson.

Era Leprechaun.

Apareceu entre as sombras, sorrindo com os braços cruzados, como quem esperava o espetáculo terminar.

— Solte a prefeita — exigiu Ryan, sua voz distorcida soando ainda mais ameaçadora.

— Não estamos em posição de fazer exigências, estamos? — disse ele, erguendo um detonador. — Este pequeno dispositivo está conectado a explosivos suficientes para reduzir nossa querida prefeita a cinzas.

Ryan permaneceu imóvel, avaliando a situação. Os sensores da armadura ainda não haviam detectado a localização de Amelia dentro do armazém.

— Não vou jogar seu jogo doentio — declarou, ganhando tempo enquanto o sistema da armadura vasculhava o ambiente.

Então saltou em direção ao mezanino. Mesmo ferido, o salto foi rápido o suficiente para alcançar o vilão. Agarrou o pulso de Leprechaun e, com um estalo grotesco, quebrou sua mão.

O grito foi curto. O detonador caiu. Ryan o pegou — apenas para descobrir que era falso. Um modelo de plástico.

— Os explosivos irão explodir sozinhos. Você tem exatamente um minuto para encontrá-la. Ou pode vir atrás de mim. A escolha é sua, herói.

Os explosivos haviam sido armados remotamente.

Uma bomba programada. Sem possibilidade de desativação.

Parte 6 – Um Minuto para o Fim

O tempo parecia correr mais rápido à medida que os segundos escorriam pela contagem invisível que agora ecoava dentro da mente de Ryan. A armadura, embora silenciosa, exibia um cronômetro de emergência no visor: 00:57… 00:56…

Leprechaun apoiava a mão quebrada, o rosto distorcido de dor, enquanto seu capanga — o último sobrevivente — o amparava em direção a uma saída de serviço nos fundos do armazém.

Ryan hesitou por um instante, o instinto gritava para persegui-los, mas não. Amelia vinha primeiro.

Ele ativou todos os sensores da armadura, liberando ondas de varredura acústica e térmica para rastrear o DNA encontrado na pulseira vermelha.

00:47…

Uma assinatura de calor — fraca, mas constante — surgiu atrás de uma parede falsa, na base de uma pilha de contêineres selados.

Ryan correu, a armadura forçando cada impulso com potência brutal. Arremessou-se contra os painéis metálicos que protegiam a sala oculta. As placas voaram com o impacto. Lá dentro, em meio a cabos expostos, estava ela.

Amelia Harper.

Estava viva. Fraca, mas consciente.

— Prefeita! — Ryan se ajoelhou, removendo os cabos que a prendiam.

— Você… veio mesmo… — murmurou ela, fraca.

00:25…

Ele a pegou nos braços, a armadura tornando o peso da prefeita insignificante.

— Segure-se.

Ryan correu de volta pelo caminho por onde viera. Os poucos guardas que ainda estavam conscientes se afastaram ao ver a figura vermelha correndo com a prefeita nos braços, muitos abandonando suas posições e fugindo.

00:12…

Ryan avistou a saída lateral por onde havia entrado. Ela ainda estava aberta. A luz do lado de fora agora era mais intensa — refletores da polícia posicionados estrategicamente.

00:05… 00:04…

O último impulso exigiu tudo da armadura.

Ryan girou o corpo no ar, protegendo Amelia com o próprio corpo no momento exato em que a explosão engoliu o armazém numa onda de fogo, estilhaços e poeira.

O impacto os lançou vários metros à frente.

Ele olhou para Amelia, verificando se ela estava ferida.

— Você está bem?

— Sim, eu… acho que sim.

Um policial se aproximou lentamente. Capitão Briggs logo o seguiu.

— Quem é esse cara, Capitão? — perguntou o oficial, atônito.

Briggs observou por um longo tempo antes de responder.

— A única razão pela qual a prefeita ainda está viva.

Ryan se levantou devagar, os músculos gritando sob o peso da armadura quase destruída. A pintura vermelha agora era quase preta, coberta por fuligem.

Passou em meio à névoa espessa dos escombros, o visor trincado ocultando os olhos. A multidão abriu caminho, parte por respeito, parte por medo.

Fotógrafos se aglomeravam atrás das barreiras da polícia, disparando uma sequência infinita de flashes. Alguns jornalistas tentaram se aproximar, microfones em riste — mas foram barrados por um cordão de policiais armados.

Enquanto todos observavam, surpresos, o Fúria Vermelha desaparecia mais uma vez nas sombras.

Era a imagem de um herói.

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