Cherreads

Chapter 5 - Problemas acontecem, quando você os procura!

Foi um dia longo e exaustivo. Caminhei até o estacionamento com Karen e me encostei no meu carro. A loira estava do meu lado, olhando para as pessoas que passavam.

"Então, você destruiu meu encontro dessa noite e provavelmente qualquer chance de encontro que eu poderia ter nessa escola!" começou ela, me olhando.

A encarei de volta, sem emoção, sem responder, apenas um olhar.

"Não estou reclamando, ok! Somente... podemos sair hoje?" perguntou ela, seu olhar para o chão.

"Te pego às 7, iremos a um jantar." respondi após alguns segundos.

Ao me virar, noto um par de garotos caminhando. Meus olhos se estreitam ao reconhecer um deles: Mike Shefield, um garoto que causou a morte da namorada em um tiroteio com a polícia, um problema.

E se Mike está aqui, meus olhos percorreram as pessoas ao redor e a encontrei: cabelos longos, pele branca e um rosto bonito. Parada com as amigas perto de um Civic branco, elas estavam rindo e brincando, sem saber que, em um mundo diferente, uma delas morreu de forma trágica. Talvez desta vez seja diferente.

"O que você está olhando?" Karen me pergunta curiosa, e me viro para ela.

"Nada demais, só procurando rostos novos." respondo e vejo meus irmãos caminhando animados em minha direção.

"Lip, é verdade?" Debie é a primeira, seus olhos brilhando de adoração, Carl ao lado olhando da mesma forma.

"O que é verdade?" pergunto, fingindo indiferença, abrindo a porta do carro para eles.

"O que mais seria, Lip Gallagher, notório nerd, revela seu lado obscuro e acaba com cinco brutamontes do time de futebol!" Ian fala entrando no banco traseiro com os outros.

Assumo a direção com Karen no carona, ligo o carro e coloco um rap baixo para tocar.

"Tecnicamente, eu apenas bati em três deles, os outros dois apenas colidiram e acabaram no chão." respondi, saindo do estacionamento devagar, meus olhos na viatura policial estacionada e em Tony, que acenou para mim.

"Eles colidiram depois que você usou Jimmy como uma bola de arremesso e o lançou contra o Greg!" Karen intervem.

"Pra minha defesa, eles pareciam todos iguais: idiotas com muitos músculos inúteis e pouco cérebro para saber como os usar." respondi sorrindo, meus olhos na rua.

"Me ensina a fazer isso?" Carl perguntou, sua voz baixa, seu tom mostrando emoção.

Olhei para ele pelo retrovisor, aquele rosto jovem, aquele brilho no olhar. Ele estava cumprindo sua parte do acordo e era um de meus personagens preferidos na série.

"Tudo bem, mas você não pode usar isso para machucar os outros!" respondi e vi Debie e Ian me encarando também.

"Vocês também podem ir. Quem ensina um, ensina três..." dei de ombros, e os três começaram a conversar animados.

Enquanto eu seguia para casa, notei algo estranho nas ruas: membros de gangues estavam mais ativos, hispânicos principalmente, com tatuagens à mostra e olhares nervosos. Algo estava acontecendo, e eu não estava gostando.

Chegamos em casa e parei atrás do carro de Fiona, meu olhar se voltando para Karen.

"Quer entrar ou devo te levar para casa?" perguntei enquanto meus irmãos corriam para dentro.

"Quero entrar e ver sua casa nova." respondeu ela, e descemos juntos, caminhando devagar para a casa.

Lá dentro estava fresco e agradável, o cheiro de macarrão à bolonhesa se espalhando pelo ar. Soltei a mochila em um canto, e Karen fez o mesmo. Caminhamos para a cozinha e os pequenos já estavam à mesa: Debie tinha o pequeno Liam no colo, Ian e Carl estavam aos seus lados. Vic e Kev também estavam ali, olhares tensos enquanto Fiona servia a mesa.

Assumi a cabeceira da mesa, Karen sentou à minha esquerda, e Fiona logo veio para a minha direita.

"Como foi o dia de vocês, pessoal?" perguntou Vic quando todos se sentaram.

"Lip bateu em cinco caras do time de futebol!" Carl falou com uma animação que não era comum.

Senti três pares de olhos se voltarem para mim.

"Lip, e quanto à regra de nada de brigas? Você mesmo a estipulou!" Fiona me olhou de lado com seriedade, mas eu podia ver o fantasma de um sorriso.

"Eu faço as regras, eu posso quebrá-las!" respondi com seriedade, e todos me olharam com aparente descrença. Seus olhares eram cômicos, e comecei a rir com eles me acompanhando.

"Então, o que está acontecendo? Por que vocês três estavam tão sérios?" perguntei, me servindo e provando o macarrão que estava fantástico.

Kev olhou para as crianças antes de suspirar.

"Corre o boato que alguém queimou uma das fábricas de Hernan Diaz. Os colombianos estão buscando o culpado por isso e limpando a concorrência." explicou ele, e percebi que eu era o culpado por aquilo.

"Alguém que conhecemos foi implicado?" questionei, enquanto comia devagar, observando meus irmãos à mesa, todos copiando meus movimentos, algo que vinham fazendo há mais de uma semana.

"Dizem que Milkovich e os garotos mais velhos levaram uma surra. Dizem por aí que os colombianos ameaçaram Terry, caso ele não pague o que deve!" Kev falou, e o clima na mesa azedou. Minha mente se voltou para os Milkovich.

Mais especificamente para Mandy. A garota passou por maus momentos na série, e agora eu havia causado alguns problemas aqui também. Eu esperava que isso não a envolvesse, mas ficaria de olho para garantir.

"Vocês têm que ter cuidado. Frank pegou algum dinheiro com Milkovich, é possível que ele venha atrás de vocês, já que todos sabem que Frank não tem como pagar!"

Não respondi a Kev. Eu estava parado com o garfo na mão, meus olhos fora de foco por alguns momentos.

"Fiona, mantenha a Glock em mãos, deixe a espingarda pendurada na cozinha. Carl, você tem o taco matador; alguém chega causando problemas, e você está autorizado a quebrar as pernas e estourar as bolas deles.

Carl me encarou, seu olhar de adoração e um brilho maníaco.

"Ian, você é o melhor atirador. Não hesite, use a espingarda, mate ou aleije, tanto faz! Se alguém achar que pode mexer com os Gallagher, usaremos ele de exemplo!" falei com um tom frio e recebi acenos ao redor da mesa.

Terminamos a refeição, levei Karen para um tour pela casa. Seus olhos brilharam ao ver a piscina e a hidromassagem, antes de irmos para meu quarto. Ela se atirou em minha cama sem cuidado, seu corpo saltando no colchão macio, me deitei sobre ela e começamos a nos beijar, nossas mãos explorando os corpos um do outro.

Ficamos ali por um tempo antes que eu a levasse para casa. Nos veríamos à noite, então eu não tinha pressa, queria desfrutar de todo o processo de conquista antes de reivindicar o prêmio. Dirigi até a casa de Karen e a levei até a porta antes de voltar para casa. No momento em que cheguei à minha rua, fiquei irritado.

Como Kev previra, Milkovich e seus meninos estavam ali, parados com poses ameaçadoras, enquanto minha família os olhava da porta de casa. Parei o carro e desci, meus olhos estavam frios e minha paciência era inexistente.

No momento em que parei, Terry se virou para mim, seu sorriso era desdenhoso ao me encarar.

"Olhem só, outro Gallagher! Quantos mais de vocês vão vir antes que vocês paguem o que devem?" perguntou ele, seu tom sarcástico.

Não respondi, passei por ele e seus meninos e caminhei até meus irmãos. Fiona tinha a Glock na parte de trás das costas, Carl segurava o taco matador com firmeza, e Ian tinha a espingarda atrás da porta, fora de vista.

"Muito bem, mas relaxem, eu vou brincar com eles e mostrar alguns truques para vocês. Mais tarde, eu vou ensiná-los!" falei sorrindo para minha família. Eles haviam seguido minhas palavras à risca.

Me virei para os Milkovich e então olhei para a rua, onde uma pequena multidão observava a cena.

"Milkovich...!" falei devagar, minha voz lenta e deliberada. "Se você tem uma conta com Frank, cobre de Frank, bata nele, o esfole, quebre todos os seus ossos!" falei caminhando em direção ao homem mais velho.

"Eu não ligo pra Frank, ele não vale nada, apenas um pedaço de lixo, assim como você!" parei olhando para baixo, meus olhos fixos nos olhos do homem, que parecia irritado com minhas palavras.

Terry deu um passo à frente, menos de um metro entre ele e eu, seu fedor me atingindo...

"Olhem só, o pequeno Gallagher fica mais alto e pensa que é um homem. Eu vou te ensinar a falar comigo direito, seu viadinho de merda!" disse ele e desferiu o primeiro soco.

Era tudo o que eu queria. Desviei seu soco com a mão esquerda, minha mão direita descendo sobre o meu rosto em um tapa forte na bochecha esquerda. Terry girou sobre o próprio eixo; sangue e dentes voaram de sua boca quando ele caiu.

O ignorei. Me abaixei quando Mick tentou me socar, minha mão esquerda se fechou em um punho e soquei Mick, que se dobrou como um camarão, cuspindo sangue ao cair. Aproveitando meu movimento como uma alavanca, girei meu corpo e minha perna direita chicoteou pelo ar; a sola do meu pé se conectou ao peito de Collin e ele voou de encontro à calçada.

Iggy veio pra cima de mim, uma barra de ferro em sua mão, enquanto Terry, que se levantou, tinha uma faca ao vir do outro lado. Iggy chegou em mim primeiro, balançando a barra de ferro sobre a cabeça como um tolo; dei um passo para o lado e girei minha perna esquerda, efetuando um chute machado que atingiu as costas de Iggy e o lançou contra o pai!

Um gemido soou, e sangue manchou a mão de Terry quando ele apunhalou o próprio filho.

"Gallagher!" rugiu o homem, me olhando como um animal furioso e se preparando para correr em minha direção, quando o som de sirenes soou. De ambos os lados das ruas, viaturas apareceram, e aceleraram, quando as portas se abriram uma dúzia de policiais nos cercou.

Olhei para casa e vi que Ian se afastava, provavelmente indo guardar as armas.

"Polícia! Mãos na cabeça e não se movam!" falou um homem mais velho, um olhar perigoso em seu rosto.

Obedeci, minhas mãos foram para a minha cabeça e me mantive no lugar, relaxado.

"Lindsay! Precisamos de uma ambulância, o resto de vocês espalhem os civis e descubram o que houve aqui!" o homem falou e me encarou curioso; seus olhos então se voltaram para os Milkovich com desgosto.

"Milkovich, sempre causando problemas, não é mesmo!" falou o homem em tom mordaz, enquanto Terry segurava a ferida do filho.

"Foda-se você, Voight! Eu vim apenas para receber meu dinheiro, e esse garoto atacou a mim e aos meus garotos! Prenda ele, porra!" respondeu Terry, e o encarei divertido.

O homem chamado Voight caminhou até mim e me encarou.

"Relaxe, garoto, abaixe as mãos e me diga o que houve aqui. Eu sou o sargento Hank Voight. Quem é você?" falou ele devagar, estendendo a mão.

"Philip Gallagher, Lip!" respondi e lhe dei um aperto de mão firme.

Olhei para ele e para Milkovich, que me encarava com um olhar de ódio.

"Terry ali foi idiota, ele emprestou dinheiro para Frank Gallagher! Mas, ao invés de ir em busca do bom e velho Frank, ele achou que poderia vir cobrar de minha família. Eu mandei se foder, ele me atacou, e o resultado é o que está à sua frente." falei em um tom neutro e indiferente, como se falasse sobre o clima.

"Você está calmo, garoto, não tem medo das consequências?" Voight ergueu uma sobrancelha.

"Ele deu o primeiro soco, eu apenas me defendi. Quatro contra um, todos com antecedentes contra um adolescente com GPA de 4,6. Creio que os fatos dizem mais que as palavras aqui!" respondi, e Voight assentiu enquanto uma ambulância chegava e parava.

Um par de paramédicos desceu e correu para Iggy, que havia desmaiado.

Enquanto isso, Terry e os outros estavam algemados e me encarando com raiva. Ao nosso redor, a equipe policial interrogava os vizinhos.

"Voight, segundo as testemunhas, os Milkovich vieram em busca de problemas e levaram uma surra em troca!" falou a policial chamada Lindsay, se aproximando e me encarando. "Qual sua idade, garoto?"

Olhei para ela, estendi a mão com um sorriso.

"Lip, não garoto, senhorita?" perguntei, e Voight esboçou um sorriso enquanto a policial parecia atordoada.

"Detetive Erin Lindsay, não senhorita!" respondeu ela, devolvendo minhas palavras, e eu sorri.

"Tenho 16 anos, detetive." Dei de ombros ao responder. "Então, o que fazemos agora?"

Voight olhou ao redor.

"Você vem conosco, presta depoimento e faz o boletim de ocorrência. Quanto aos idiotas no chão, veremos!" ele respondeu, e fiquei em silêncio.

Como eu era considerado a vítima, me permitiram seguir as viaturas em meu carro, Fiona, como minha guardiã legal, seguia junto, enquanto as crianças ficavam com Vic. Eu não sabia quanto tempo isso ia demorar, então liguei para Karen e expliquei o que havia acontecido, remarcando nosso encontro.

Quando voltamos da delegacia, passava das nove da noite. Todo o processo era lento e cheio de burocracia. Terry e Iggy seriam processados por tentativa de homicídio, já que me atacaram usando armas. Quanto aos outros, foram fichados por agressão.

Ao chegar em casa, desabei no sofá. Meus irmãos haviam pedido pizzas, então comi alguns pedaços e bebi uma cerveja enquanto relaxava. O tempo passou, e as crianças foram deitar; Vic e Kev voltaram para a própria casa.

Olhei ao redor e fui para a hidromassagem. Preparei a água quente, tirei as roupas e entrei usando apenas boxers, relaxando na água quente, observando a noite de Chicago. Deitado ali, ouvi passos e olhei para cima: Fiona caminhava em minha direção com cervejas na mão. Ela vestia shorts de pijama curtos que abraçavam seu corpo e uma blusa fina e transparente que exibia seus mamilos duros.

"Aquilo foi perigoso, Lip. Por que você os enfrentou sozinho?" Fiona falou, se sentando na beira da hidromassagem e me estendendo uma cerveja.

Olhei para ela e bebi um longo gole da cerveja.

"Nunca mostre todas as suas cartas, Fi!" comecei devagar. "Hoje eram apenas uma trupe de idiotas. Eu poderia cuidar disso com os braços amarrados e os olhos vendados. Se alguém mais vier, no máximo trarão mais pessoas!"

"No momento, eu apenas lidei com eles de forma simples, rápida e sem me exibir. Eles não sabem nada sobre mim, muito menos sobre vocês, e o fato de que temos armas!"

"Um ponto importante, porém: iremos entrar em contato com o pessoal responsável. Nosso porão é grande; iremos isolar tudo acusticamente. A partir de amanhã, todo mundo nessa casa aprenderá a atirar. Temos armas registradas para disfarce, mas também tenho algumas coisas sem registro."

"Quero cada membro da família Gallagher capaz de cuidar de si mesmo. Também os ensinarei como derrubar um idiota com apenas os punhos e cérebro!"

Fiona me encarou, seus olhos estranhos.

"Você acha que isso é necessário?" perguntou ela.

"No momento, talvez não, mas pretendo iniciar um negócio. Estou de olho em um bom lugar! Assim que eu tiver as licenças, precisaremos que os membros dessa família possam se defender. Começaremos a ganhar dinheiro legítimo."

Minhas palavras ressoaram pela noite enquanto bebíamos nossas cervejas.

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