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Chapter 1 - capítulo 1

​Sentindo o vento balançando meus cabelos, encostei ainda mais na árvore. Aproveitando meu descanso sem aquela voz irritante daquele cara e daquele general. As discussões com a doutora para ela conseguir resultados, resultados esses que ele sabia que só o protagonista do filme poderia conseguir.

​Esse lugar é tão tranquilo e limpo.

​Não é cheio de poluição sonora nem o ar é poluído. A Terra também era dessa forma, só que a ganância a destruiu e também quer fazer o mesmo com Pandora.

​— KAEL! — Ouvindo meu nome, suspirei. Lá se vai a minha paz.

​Pulando da árvore, corro até a casa de madeira feita onde encontro a doutora nada feliz.

​— Não pedi para você colocar mais papel? Não me diga que esqueceu? Sabe que preciso disso para as próximas aulas.

​— Desculpe... eu esqueci. — Mentira. Na verdade, não tinha esquecido. Só que um certo alguém não deixou, mas falar disso não iria adiantar; afinal, também seria a minha responsabilidade por não contar.

​— Esqueceu? — perguntou, respirando fundo e colocando a mão na testa.

​— Sim, desculpa doutora Grace, mas isso importa...

​— Era por isso que sou contra criança aqui — sussurrou pela milésima vez.

​Eu também não queria vir para cá, mas sinceramente, isso importa? Era melhor do que deixar a pessoa que me colocou no mundo e meus irmãos morrerem de fome. Você que teve a brilhante ideia de abrir uma escola; isso fez com que os doidos por dinheiro começassem a buscar uma criança da Terra para vir para cá.

​No filme isso não aconteceu, mas vejamos: eles queriam uma criança com inteligência e que seguisse ordens. Fui um dos únicos a passar nos testes físicos e também escritos; alguém que não chorou pela mamãe durante os testes e exames.

​Sentindo arrepio ao lembrar de quantas vezes tive que aguentar aquele inferno e agir como uma criança super obediente, me fez querer apagar isso da minha memória.

​Dois anos de treinamento até ser enfiado na nave e chegar aqui nesse novo mundo, e ser descartado dois meses depois. Tudo porque as crianças de Pandora não são burras. Imaginei chegar do nada tendo cinco dedos? Sem saber nada sobre a cultura e os modos deles? Mesmo que parecesse ser um deles, não sabia agir como um.

​Resultado: ser excluído por eles em apenas uma semana. Os adultos Na'vi deveriam aprender com eles; dessa forma, não iriam acabar traídos.

​— Grace? — chamou a filha mais velha do Omaticaya, irmã da princesa, a qual no filme acabou morrendo para salvar a Árvore Sagrada.

​— Sylwanin, você chegou. — Ouvindo a voz conhecida, um sorriso se formou nos lábios dela. — E as crianças? — Você não estava reclamando que não queria criança aqui? Me afastando, deixei as duas encontrando as crianças e a irmã mais nova da Sylwanin.

​— Bom dia, tem biscoito recém-saído do forno — falei, fazendo-as sorrir. Bem, as minhas habilidades culinárias estão funcionando bem.

​— Biscoito? — Repetindo o que falei, a princesa me olhou com cautela.

— Sim, biscoito. Agora, lembra do que falei? Nada de contar para a Grace, vou ensinar a fazer. — Suspirei, sabendo que Norm estava aqui também. Não que queria ser dessa forma, mas não podia fazer muito para ajudar os Na'vi, então deveria ajudar de alguma maneira.

​— Filhote do céu, você é estranho — falou ela, me fazendo suspirar. — E seu povo? Por que esconde deles? Está roubando? — questionou ela.

​— Roubar? Estou dividindo conhecimento, Neytiri. Sabe, não tem como roubar aquilo que não se pode comer. E "povo" é algo bastante grande, somos da mesma espécie, só isso — respondi, fazendo-a me olhar sem entender o que eu estava falando.

​A Grace gostou das minhas ideias no início, mas depois começou a proibir, já que os Na'vi têm uma cultura muito fechada e religiosa. Ou talvez a minha última ideia brilhante não tenha agradado ninguém; qual o problema de ensinar a salgar a carne?

​A doutora ensina a ler e escrever inglês, mas ainda está focada em suas pesquisas e em encontrar o santuário. Esquecendo o que são esses caras; eles não estão aqui pela ciência e preservação da cultura.

​Eles querem dinheiro.

​— Sem falar que apenas estou compartilhando algo que o povo do céu, nossos ancestrais, aprendeu.

​— Ancestrais? — murmurou ela, enquanto as crianças corriam para dentro da escola.

​— Sim — digo-lhe, vendo o Norm voltar da floresta com uma maleta. Trazendo amostras de algumas plantas ou sei lá o quê. Acabou meu momento livre.

— Tenho que ir. — Me despedi, não querendo ter que passar por um interrogatório sobre como consegui conversar com Neytiri por mais de um minuto, a qual, diferente da irmã, é mais fechada.

​— Ajuda? — perguntei.

​— Não precisa, Kael. Conseguiu fazer alguma amizade? — perguntou, curioso, olhando para dois Na'vi da minha idade biológica na sala.

​— Já desisti — respondo, sabendo que isso nunca iria acontecer.

​— Desistindo antes de tentar? Sabe, quando chegamos não foi fácil. Demorou muito para nos aproximar e ganhar a confiança deles. Agora olha como eles estão? Não falta nem uma aula.

​— Confiança? — Olhei para a escola vendo os Na'vi pequenos sorrindo, ao mostrar que conseguiram aprender as cinco palavras que a Grace passou na última aula. Sério? Se eles realmente confiassem, a gente estaria na árvore deles tomando uma bebida, e não aqui.

​— Sem falar que você precisa se divertir, fazer amigos, amigos da sua idade.

​— Minha idade!? — Mas eu tenho 20 anos, isso não me tornaria um adulto? Como diabos vou arrumar amizade com Na'vi da minha idade sendo que eles nem me olham, e quando olham é como se fosse uma aberração?

​— O tempo que passou inconsciente na nave não conta. Sei o que está pensando, mas biologicamente e mentalmente você tem 14 anos. Seu corpo tem 14 anos, sua idade terrestre é só um número — adivinhando o que eu estava pensando, respondeu, fazendo-me suspirar.

​— Já sei, já sei. É só que, imagine olhar para sua identidade e lá tem 20 anos quando na verdade meu corpo tem 14? — Murmurei, lembrando que meus irmãos devem ter a minha idade agora.

​— A ciência funciona diferente. E não é verdade; em seus dados você tem 14 anos e biologicamente também — sorriu, explicando-se, lembrando-se da vez que chamei a Grace de velha ao somar a idade dela conforme a idade na Terra.

​— O tempo nesse planeta é diferente. O tempo que seu corpo passa inconsciente na viagem daqui não vale, pois ali nosso corpo não envelhece, entramos em sono profundo e blá-blá-blá...

​— Como vai seu dever? — Colocando a maleta na caixa de transporte que levamos até a nave de combate que nos traz aqui até a base, perguntou.

​— Bom, fiz as dez primeiras linhas da primeira questão com sucesso, só faltam as outras 19 questões. — Dever? Ele acha que tenho tempo?

​— Pelo visto as vinte questões são poucas; irei adicionar mais dez e, quando voltarmos, só vai sair do quarto quando terminar — concluiu.

​— Mais dez? Nem estou conseguindo fazer as outras e tenho que organizar as amostras e...

​— Sei, mas não vai negligenciar seus estudos.

​— Fiz algo de errado? — Sem entender por que ele está tão focado na minha humilde educação, olho para a Grace escrevendo no quadro. Tipo, não fiz nada demais e ele não deve saber dos papéis que esqueci.

​— Fez. Não está fazendo seus deveres.