Pov Demether
A loba congelou ao meu lado ao ouvir que eu a devolveria a Nathaniel, claro que era um blefe para saber até onde chegava o medo dela e assim talvez eu pudesse usar ao meu favor.
Por alguma razão o cheiro de seu medo me deixou desconfortável, mas pelo menos foi o único momento que o maldito cheiro dela me deixou pensar com mais clareza. Ela era linda, mas linda mesmo de um jeito que mal me deixava impor respeito, queria tocá-la e silenciar aquela boca atrevida de formas indizíveis. E não ajudava que seu cheiro doce de baunilha e hibisco se misturasse ao que claramente era seu cio.
Sua forma imóvel de repente se transformou numa mulher extremamente apetitosa engatinhando até mim com olhos chorosos - ela sabia o que estava fazendo, ela não era tão ingênua quanto achei, ela queria mexer comigo, mas nós dois íamos jogar esse jogo e não era eu que estava no cio.
Olhei para ela ainda sem me mover esperando que ela falasse o que pretendia, mas nem em um milhão de anos eu poderia imaginar o que sairia daqueles lindos lábios cheios e corados.
"Nós dois podemos negociar se você não me entregar de volta para Nate".
"E o que um filhote como você teria para me dar? Você não tem nada que eu deseje, filhote. Agora durma de uma vez"
"Com certeza se me der tempo eu posso pensar em algo que você deseje." Ela agora estava perigosamente perto, seu rosto quase tocando o meu, isso me tirou completamente a clareza. Peguei por trás do pescoço antes mesmo que ela pudesse botar o que acontecia, seu rosto era um misto de medo e desejo que ela tentava esconder, mas um filhote não me tiraria assim tão fácil do sério.
"Não faça promessas que não está pronta para cumprir, princesa. Agora durma, não vou repetir" soltei-a com delicadeza e seu rosto se enrugou num beicinho de decepção enquanto ela voltava a se deitar e dessa vez de costas para mim.
Não demorou para que ela pegasse no sono, eu no entanto estava com imagens e ideias demais na cabeça. Ela se moveu bruscamente de repente e lágrimas saiam de seus olhos ainda fechados, provavelmente estava tendo um pesadelo. Apenas a observei por um tempo, então disse "também tenho pesadelos todas as noites, ainda não sei sonhar apenas", minha voz pareceu acalmá-la por um tempo.
Pouco tempo depois ela se debatia e chorava violentamente e as palavras que saíram de sua boca me fizeram decidir que eu nunca a devolveria a Nathaniel. Não queria mais ouvir sua dor, então toquei seu rosto tentando acordá-la, não foi difícil, em segundos ela estava em cima de mim toda garras e dentes prestes a me atacar.
"Eu não vou ser fraca" ela disse enquanto eu permanecia imóvel deixando-a se lembrar de onde estava e quem era eu.
Ela recobrou a consciência e se afastou de mim parecendo envergonhada e disse tentando quebrar o clima "talvez seja mais seguro se você dormir com uma faca embaixo do travesseiro" e sorriu sem graça, eu apenas continuei lhe olhando e disse "estou completamente seguro aqui, você mal é um incômodo, quem dirá uma ameaça" eu ri e ela também sorriu um sorriso triste.
A essa altura o sol já havia nascido há pouco e os barulhos na casa da matilha começavam, então me levantei e fui até o banheiro me lavar e me vestir antes que um de meus soldados viesse bater em minha porta - ninguém sabia da existência de Dominic em meu quarto além do meu beta e dos quatro guerreiros de confiança que estavam comigo quando a resgatei. Meu beta tem treinamento médico e a costurou quase que dos pés a cabeça, a garota era toda cortes e sangue.
Quando saí do banheiro só com a toalha enrolada na cintura e os cabelos pingando molhados, a garota me esperava com olhos enormes e curiosos sentada em minha cama - que inferno, ela era uma visão e tanto, seus cabelos negros longos até o início das coxas se destacavam como se não fizessem parte e ainda assim ela era linda, olhos grandes felinos cobertos de cílios claros, um pequeno nariz arredondado e arrebitado farejando o ar sem parar, lábios grandes e grossos da cor de framboesas. E aquele corpo, não parecia real suas proporções, ombros tonificados como de uma guerreira, seios duros e arrebitados, a cintura fina que parecia impossível e coxas e bunda fartos. Droga, ela me dava água na boca.
Decidi sair o mais rápido possível dali, então fui até o closet e deixei a toalha cair enquanto pegava minhas roupas, ouvi um guincho alto e quando olhei percebi que ela me observava com atenção demais e agora seu rosto parecia um tomate. Entre os lobisomens a nudez era natural, porém para ela não o que era estranho.
"Por que não se transforma em loba e tenta devorar um pedaço já que está curtindo tanto a vista?" Provoquei
"Não tenho lobo nenhum" ela me disse com raiva virando o rosto.
"Se quer continuar mentindo, tudo bem." Já vestido olhei para ela com seriedade e falei no meu tom de alfa para lhe deixar claro que não haveriam negociações. "Não posso passar meu dia cuidando de um filhote, então vou te deixar aqui em meu quarto, todo esse andar é meu e ninguém vem até aqui, mesmo assim não saia desse quarto. Providenciarei para que te tragam comida aqui e roupas. Até que eu decida o que fazer com você, ninguém na minha matilha vai saber da sua existência. Se ignorar minhas ordens e sair, um de meus lobos provavelmente vai te matar e te devorar, isso se eu não chegar primeiro. Entendeu?"
"Você não pode me manter prisioneira aqui, não sou nada pra você, só quero distância de todo esse lugar e dessa porra de matilhas e lobos, eu nem mesmo sou uma loba normal" Ela disse se colando em pé, seu temperamento fervendo o que fez meu lobo vir a tona - Cerberus não estava acostumado a ser desafiado tão claramente. Ela visivelmente se assustou e deu um passo grande para trás.
Me abaixei até sua altura segurando-a pelo rosto para que ela visse o quão sério eu estava falando "eu não sou seu alfa, mas sou o alfa aqui e você não vai ter a terceira chance de retrucar contra mim, filhote". Ela tremia em meu aperto, não era o suficiente para machucar, mas o suficiente pra me fazer claro.
"Só me deixe ir e eu não serei mais problema seu, você nunca precisa voltar a me ver, eu juro. Por favor, não fugi para ser prisioneiro em um lugar diferente"
"Me diga se entendeu minhas ordens?" Disse enquanto colocava meu relógio.
"Entendi, mas..." Não esperei por seu protesto e sai rumo a sala de reuniões, em meu link mental Kyle dizia que os anciãos estavam inquietos com notícias da matilha Lua crescente.