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Chapter 4 - Shadows of Fame — Capítulo 4

O dia seguinte chegou carregado de conversas.

Se ontem ninguém tinha ânimo para discutir nada, agora, descansados, todos estavam curiosos sobre os acontecimentos da noite anterior. Até mesmo o anfitrião parecia perdido — aquele ano estava mais agitado do que qualquer outro.

Wei Wei, ao contrário de sua fama de alegria constante, acordou de mau humor.

Para o choque geral, a garota que sempre sorria amanheceu calada, irritada e sem paciência.

Ela odiava ter a privacidade invadida. Gostava de falar da própria vida, sim, mas sempre de maneira controlada, discreta. O que Ramona fizera na noite anterior tinha a deixado profundamente incomodada.

Wei Wei parecia irradiar fúria. Estava quase esperando o primeiro desafortunado que viesse puxar conversa para descarregar tudo.

Mas quando Xiang Chen foi o primeiro a se aproximar, ela simplesmente não conseguiu ser grossa.

Justo ele — o único que realmente a ajudara.

— Você está se sentindo melhor? — perguntou ele, com a voz rouca.

O homem sempre impecável estava com o cabelo bagunçado, como alguém que não dormira direito.

— Vou ficar — respondeu ela, soltando um suspiro pesado.

Após o café da manhã, Qiao Liang retomou o controle do programa e decidiu deixar tudo claro de uma vez.

— Antes de começarmos o próximo segmento — disse ele — quero lembrar a todos, especialmente à senhorita Ramona Sanches… Sei que você foi criada em um país ocidental, mas isso não tem nada a ver com cultura. É sobre respeito. E é de conhecimento mundial que pedimos permissão antes de entrar na casa de alguém. Muito menos no quarto. Espero que evolua com essa experiência, porque não haverá uma próxima vez. Estamos entendidos, Ramona?

— Sim… me desculpe. — Ela respondeu, sem graça.

Qiao Liang então mudou o tom:

— Bom, vocês sabem: comida não cai do céu! Se querem comer, vão ter que trabalhar. E o desafio de hoje é… — fez uma pausa dramática — cozinhar um prato típico de Long Cheng em homenagem ao feriado nacional que está chegando. Vocês serão divididos em equipes… e a divisão fica por conta de vocês.

Foi a gota de incentivo que faltava.

Jimin, Mo Chen e Eun Ha correram imediatamente até Wei Wei, que automaticamente olhou para Xiang Chen. E assim, formou-se a primeira equipe.

A segunda equipe ficou com Ramona, Naihe, Su Mi, Fanxing e Yang Yan.

Desde o início ficou claro que o grupo dois havia condenado Ramona ao ostracismo: ignoravam-na completamente. E ela, ao invés de ajudar, reclamava de tudo, fazendo bicos como uma criança contrariada.

Em contraste, a primeira equipe trabalhava em perfeita harmonia.

Jimin e Wei Wei ficaram responsáveis pelo prato principal — e, coincidentemente, a receita favorita de ambos: uma sobremesa chinesa com toques coreanos, originária de Pequim-Long Cheng.

— Onde você provou essa sobremesa, dongsaeng? — perguntou Jimin, cortando frutas.

— Não me lembro, Oppa. Desde pequena eu gosto disso. Sempre pedia para a minha avó fazer, e ela mesma não sabia o motivo. Dizia que eu devia ter raízes coreanas — riu. — Será que somos parentes distantes, Oppa?

O sorriso de Jimin se desfez por um instante, como se estivesse pensando em algo. Depois balançou a cabeça e continuou:

— Onde você nasceu, dongsaeng?

— Não sei. Minha avó nunca quis contar. Quando finalmente queria… já não podia mais. A doença levou ela.

— Você não tem mais nenhum parente? — perguntou ele, com cuidado.

— Acho que devo ter… mas ninguém que se importe. Minha avó me criou sozinha. Nunca conheci meus pais. Ela sempre evitava o assunto. E o mais estranho é que nas fotos antigas, só aparecem eu e ela. Nenhum outro adulto. Nenhuma pista.

— Sério? E você nunca achou isso estranho? Se me permite opinar… — disse Jimin.

— Claro — ela respondeu. — Às vezes eu duvido até se ela era realmente minha avó… ou se meus pais me abandonaram com ela.

Foi nesse momento que a voz de Xiang Chen cortou a conversa.

— Você nunca quis investigar isso? — perguntou ele, observando-a com atenção incomum.

— Investigar? — Wei Wei levou o dedo ao queixo, pensativa. — Sabe que não? Vivo tão ocupada que nunca parei para pensar seriamente sobre isso.

Mo Chen entrou na conversa:

— Eu acho que deveria.

— Por que diz isso, Chen Chen? — perguntou ela, usando o apelido.

Ele sorriu de canto.

— Porque talvez alguém esteja te procurando.

Eun Ha trocou um olhar significativo com Jimin.

Wei Wei percebeu. E pela primeira vez, sentiu-se estranhamente… inquieta. Como se existisse algo a seu respeito que todos sabiam — menos ela.

Minutos depois, quando ficou sozinha com Xiang Chen, tomou coragem.

— Xiang Chen?

— Sim?

— Você é… poderoso?

— Hm? — Ele arqueou a sobrancelha. — Sim. Sou.

— Então me faria um favor?

Ele se aproximou um pouco, curioso.

— Que tipo de favor?

— Você conseguiria investigar o meu passado? Descobrir se eu tenho… uma família perdida? Eu até poderia tentar, mas não tenho tempo, e sinto que os outros não seriam sinceros comigo sobre o que encontrassem.

Ele observou seu rosto por longos segundos.

— Se é isso que você quer… eu posso te ajudar.

— Sério? — Os olhos dela brilharam. — Muito obrigada!

Xiang Chen ficou pensativo. De alguma forma, ele já sabia por onde começar.

O tempo terminou; a primeira equipe venceu sem surpresa alguma.

A sobremesa preparada por Jimin e Wei Wei estava perfeita — doce, leve e equilibrada. Todos elogiaram.

Enquanto isso, nas redes sociais, os internautas enlouqueciam tentando entender a relação crescente entre Xiang Chen e Lian Wei.

Ou, como chamavam:

#WeiChen

E a cada dia… o nome parecia mais apropriado.

✨ Fim do Capítulo 4 ✨

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