Cherreads

Chapter 1 - capítulo 1

Aquele mão de vaca.

Já era pra estar em casa, mas não tô aqui em Deus sabe onde pra entregar essa merda de pizza. Descendo da bicicleta, tiro o capacete encarando o prédio mal iluminado, sentindo o vento frio balançando contra meus cachos. Peguei as pizzas e subo as escadas.

Parado na porta de vidro, levanto a mão para bater na porta, que abre sozinha. Na primeira vez que vim aqui, quase morri de susto. Passando pela porta, olho o corredor branco sem nenhuma decoração indo até o balcão.

— Atrasado. — reclamou a loira, quando coloquei a pizza no balcão.

— Um lagarto mutante resolveu atacar e o centro tá uma bagunça.

— Certo. — respondeu secamente, pegando a caneta pra confirmar a entrega.

Será que ela dá pra ir mais rápido? No aplicativo era mais rápido, mas não é como se ela fosse usar. Ignorando o cheiro de desinfetante de limão, fechei o casaco ao sentir o frio gelado do ar-condicionado na minha maldita pele.

— Aqui. — terminando de anotar, devolveu a nota, colocando uma nota de mais de 80 dólares. Sem reclamar pelo valor, afinal não tem outro lugar em Nova York ao qual eu iria entregar nesse lugar suspeito, ainda mais com a cidade em caos.

— Tenha uma boa noite. — pegando o dinheiro e a nota, me virei, encontrando um homem alto usando uma roupa preta, um boné, óculos e máscara.

— Vocês me enganaram. — gritou o homem, me fazendo a mulher pular da cadeira atrás de mim, enquanto ele tirava a máscara, revelando uma cicatriz profunda dos seus lábios até próximo ao ouvido. — Vou matar todos aqui. — falou, enquanto sons de ossos quebrando começaram a vir do seu corpo. Sua pele começou a se contorcer e crescer, seus dentes cresceram e a cicatriz em seu rosto abriu, e outros dentes apareceram.

Que diabos é isso?

Dando um passo pra trás, bati contra a mesa, caindo contra o chão. Bati a cabeça. Tô em um... filme de terror? Já não basta estar nesse mundo louco!?

— Código vermelho, código vermelho. — murmurou ela ao olhar para o monstro que parecia ter saído de um filme de terror.

Apertando o botão vermelho, luzes e o som de alarme começaram a tocar. Sem nem conseguir tirar sua mão do lugar, garras atravessaram seu abdômen. Sangue saiu da sua boca.

Recuando pra trás, me levantei, batendo a testa no extintor de incêndio.

— Por... fav... — sussurrou ela, levantando a mão com dificuldade. Puxando as garras, o monstro azul se virou na minha direção, jogando o corpo da mulher no chão.

Correr, correr...

Olhando em volta, encontrei apenas um elevador no final do corredor. Engoli seco.

— Atirem. — ordenou um cara saindo do elevador, seguido por outros cinco usando jaleco branco e armas nas mãos. Atiraram contra o monstro, o qual deu um passo pra trás e rosnou de dor ao ser atingido pelas balas.

— Olhem o que fizeram comigo! No que me transformaram! — rosnou ele, de raiva, correndo na direção do homem de colete e uniforme preto e dos de jaleco. Que não se intimidaram — como se já estivessem acostumados — se aproximaram sem parar de atirar nele, e um deles apontou a arma na minha direção.

— Sem testemunhas. — ordenou o de colete, enquanto levantei os braços. Porra, eu... olhando para o homem pronto para atirar em mim. Fechei os olhos com força, mas além de um grito, nada aconteceu.

O que me fez abrir os olhos. Encontrei o homem que estava com a arma contra mim caindo no chão, um buraco no seu peito, onde o sangue começava a formar uma poça embaixo do seu corpo.

Os outros atiraram sem parar, sem sucesso. Olhei em direção à saída, onde a porta estava fechada e uma grade de energia azul à frente.

Vendo o monstro morder um dos atiradores, arrancando um pedaço do seu pescoço... e-eu... não acho que ele vai me deixar vivo se matar esses caras.

Parei meu olhar no elevador aberto e nos dois únicos caras que restaram. Tomando ar, me levanto, passando por corpos. O som dos disparos atrás e o grito do bicho não importavam. Tinha que chegar no elevador. Consegui finalmente entrar e apertei no primeiro botão que apareceu.

— Não. — murmurou o cara de colete ao dar um tiro que atravessou a cabeça do monstro, se virando para mim e puxando o gatilho.

Acertou a parede do elevador que chegou bem na hora. Sem forças nas minhas pernas, caí contra o chão e coloquei as mãos na cabeça. Sonho, sonho... isso tem que ser um sonho. Vou acordar e...

Ouvindo o som do elevador parado, levanto a cabeça. Encontrei as luzes piscando e o mesmo corredor branco. Quase caí ao sentir algo batendo contra o elevador. Olhei pra cima. Saí correndo, olhei em volta, encontrei uma porta. Ouvindo o som de estrondo, entrei, encontrando uma longa escada.

Esse mundo é pior do que imaginei. Não é a porcaria dos filmes da Marvel que assisti!

— Não temos muito tempo. — falou uma voz feminina, vindo da porta abaixo, me fazendo parar e colocar a mão na boca.

Por favor, de novo não.

— Tem certeza que sabe onde está? Se perdemos essa oportunidade, não vamos conseguir colocar as mãos no Gaia.

— Aqui. — gritou uma voz rouca, antes de sons de disparos começarem.

Olhando pra cima, vejo uma sombra vindo, o que me fez correr e descer as escadas como nunca fiz na vida. Sentindo meu peito queimar, o ar começa a sumir.

Tentei uma porta. Trancada.

Continuei correndo.

Se parar... morre.

Parei em outra. Finalmente consegui abrir. Saí em um corredor branco, luzes piscando, pessoas caídas sem vida, usando roupas hospitalares, marcas de bala nas paredes. Uma mulher de cabelos ruivos encostada na parede chamou minha atenção pelo seu braço cheio de veias verdes, sua mão com sete dedos e pele pálida.

E-eu... q-que... diabos fui me meter?

— Vamos deixar as perguntas pra... outra hora. — ouvindo os sons próximos de tiros, dou um passo pra trás, correndo.

— Matar... matar... matar... — sussurrou uma mulher usando uma roupa de hospital, sem cabelos, com as mãos... mãos semelhantes às de um lagarto, com um líquido gosmento e sangue escorrendo pelos lábios.

Parada de frente pra parede.

Tá zoando com a minha cara.

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