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Chapter 2 - Capítulo 2: O Despertar em Kyoto

Aterrissar não foi bem a palavra. Foi mais como ser expelido. Um instante antes, a luz e o barulho do portal me engoliam; no próximo, fui arremessado com força contra algo duro, o impacto ecoando por um corpo que eu sabia ser novo, mas que ainda não sentia como meu. Abri os olhos, piscando contra uma luz dourada filtrada por algo que parecia bambu.

A primeira coisa que notei foi o cheiro. Não o branco estéril do escritório divino, mas um aroma terroso e úmido de madeira antiga e algo floral, talvez cerejeira. Era uma fragrância calma, quase reverente, que contrastava bruscamente com a vertigem da chegada. Eu estava deitado de bruços sobre um assoalho de madeira escura e polida. Engatinhei para me sentar, sentindo um peso estranho nas costas – minha mochila velha, agora milagrosamente inteira, e com um peso que antes não tinha.

O ambiente era de uma beleza serena. Eu estava em um pátio de um templo, ou talvez um santuário. Lanternas de papel pendiam de beirais curvos, e um pequeno jardim de pedras se estendia à minha frente, com musgo esverdeando cada fresta. Ao longe, ouvi o suave badalar de um sino e o murmúrio de vozes, o que me fez perceber uma coisa: eu entendia o que diziam. Não era português, mas eu compreendia. Uma rápida verificação mental confirmou: a língua era japonesa.

"Kyoto," sussurrei para mim mesmo, a palavra vindo com uma certeza estranha. A arquitetura, a atmosfera... só podia ser. Meu novo corpo parecia mais jovem, talvez no final da adolescência, início dos vinte. Magro, mas com uma agilidade latente. Olhei para minhas mãos, imaginando o que o Mestre Arco-Íris havia feito. Nada de extraordinário à vista.

Foi então que um ícone familiar piscou no canto da minha visão. Uma pequena bússola digital, translúcida, flutuando no ar. Acima dela, um número: [Nível: 1]. Abaixo, uma barra de energia cheia e um ícone de mochila. O Sistema de Jogo. Ah, claro. Meus olhos se arregalaram. Era real. O Master Morpher, os Zords, o centro de comando... tudo isso não era apenas um desejo de fã.

Tentei interagir com a bússola, estendendo a mão. Minha mão passou direto. Frustrado, tentei focar minha mente nela, imaginando-a como uma interface de videogame. De repente, a bússola se expandiu, revelando mais opções: [Inventário], [Status], [Missões], [Habilidades].

Cliquei mentalmente em [Inventário]. Uma janela translúcida se abriu à minha frente, revelando um item brilhante: o Master Morpher. Estava lá, um objeto elegante e robusto, seu emblema do raio prateado parecendo brilhar com uma luz própria. Ao lado dele, uma pequena notificação: "[Master Morpher: Formas Iniciais Desbloqueadas: SPD Shadow Ranger, Lightspeed Rescue Red Ranger]".

"Santo Power Ranger," eu engasguei, pegando o Master Morpher. Era pesado, frio ao toque, mas a energia que irradiava dele era inegável. Senti a conexão imediata, como se ele fosse uma extensão de mim. Isso significava que as duas formas iniciais estavam prontas para serem acessadas através dele.

A emoção tomou conta. Eu tinha reencarnado. Estava em um mundo que era uma fusão de meus universos favoritos. E eu era, ou pelo menos tinha o potencial para ser, um Power Ranger.

"Preciso de um plano," murmurei, o Master Morpher apertado na mão. "Primeiro, sair daqui sem parecer um lunático. Segundo, descobrir mais sobre este lugar. Terceiro, e mais importante... aonde está meu centro de comando?"

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