Os dias passavam, e Michelle já não era mais vista como a garota suja das ruas. Cada banho, cada refeição, cada conversa com Enzo e com os profissionais do spa iam tirando dela as marcas do abandono. Mas as cicatrizes da alma... essas ainda pulsavam.
Enzo decidiu levá-la para um passeio diferente naquela manhã. Entregou-lhe um vestido claro, simples, e pediu que se arrumasse. Michelle hesitou ao se olhar no espelho — era ela mesma, mas também uma versão que jamais imaginou ser possível.
— Está linda — disse Enzo, ao vê-la descer as escadas do spa.
O passeio foi até uma galeria de arte. Enzo queria mostrar-lhe um mundo novo — de beleza, cultura e possibilidades. Michelle observava os quadros com fascínio, sem entender muito, mas sentindo tudo.
— Você não precisa entender com a mente, Michelle. Basta sentir — disse ele.
Na saída, sentaram-se num banco da praça. Enzo abriu o jogo:
— Eu cresci em meio ao luxo, mas sempre soube que faltava algo. Quando te vi naquele dia... senti que estava diante de alguém real. Alguém forte. Quero te ajudar a ir onde quiser — mas só se for da sua vontade.
Michelle respirou fundo. Pela primeira vez, alguém lhe dava o direito de escolha.
— Então me ajuda a recomeçar. Mas dessa vez… eu quero construir meu próprio caminho — respondeu ela, com firmeza nos olhos.
Enzo sorriu. A transformação tinha começado — e o destino deles começava a se entrelaçar de um jeito que nenhum dos dois imaginava.